As autoridades tinham proibido o dia da mobilização que deveria assinalar, menos de três semanas antes das eleições presidenciais de 18 de outubro, a entrada numa nova fase da contestação que dura há um ano.
A Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), que lidera o protesto, anunciou que um dos seus líderes, Oumar Sylla, tinha sido detido e levado para uma esquadra de polícia, uma detenção confirmada pelo Governo.
Um correspondente da agência France-Presse testemunhou que viu uma dúzia de jovens serem presos e levados em duas recolhas pelas forças de segurança.
Em Bailobaya, na periferia da capital, os jovens ergueram barricadas, derrubaram caixotes do lixo, queimaram pneus e deitaram óleo de motor na estrada principal, que liga os subúrbios e o centro da cidade.
Cenas semelhantes ocorreram nos subúrbios de Matoto e Hamdallaye, onde agentes da lei tentaram levantar barricadas e perseguiram os jovens pelas ruas, utilizando gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que respondiam com pedras.
O FNDC relatou outros confrontos semelhantes, particularmente no oeste do país.
O movimento tem mobilizado milhares de guineenses para as ruas desde outubro de 2019 para tentar impedir que o Presidente Condé seja eleito pela terceira vez.
Ao longo do ano, os protestos terminaram em confrontos e foram severamente reprimidos várias vezes, o que resultou na morte de dezenas de civis.
O FNDC visava uma mobilização em massa a partir de hoje, mas as autoridades proibiram a marcha planeada, dizendo que queriam reservar espaço público para os partidos durante a campanha eleitoral, o que foi considerado "ilegal" pelo movimento.
O antigo opositor histórico, Alpha Condé, 82 anos, primeiro Presidente democraticamente eleito da Guiné-Conacri em 2010 após décadas de regimes autoritários, foi reeleito em 2015.
Num referendo muito concorrido em março, o chefe de Estado fez aprovar uma nova Constituição que mantém o limite de dois mandatos presidenciais, mas argumentou que esta mudança na lei fundamental repõe a contagem de mandatos presidências a zero.