"Usar máscara é tão importante como haver uma vacina, não vamos poder cansar-nos de usar máscara e temos de a usar sempre que possível, porque a vacina e a máscara vão conviver neste 'novo normal' que vai durar muito tempo", disse o diretor do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).
A partir de Adis Abeba, durante a conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia de covid-19 no continente, John Nkengasong salientou que "os Estados-membros e as pessoas não se podem cansar de usar máscara" e acrescentou que "mesmo quando a vacina estiver pronta, provavelmente no primeiro trimestre de 2021, será preciso conjugar as duas coisas".
Na conferência de imprensa, John Nkengasong disse que a pandemia de covid-19 já infetou 1,4 milhões de pessoas no continente africano, resultando em 36 mil mortes, sendo por isso necessário "manter as medidas de distanciamento, a lavagem das mãos e a utilização de máscaras".
O responsável do CDC África disse ainda que na segunda-feira será lançada uma aplicação informática (app) chamada 'my covid-19 pass', com informações fornecidas pelos Estados e que são úteis para os cidadãos.
"Numa primeira fase temos 35 países que se registaram nesta plataforma e colocam informação na app, e depois vamos apontar para as plataformas de distribuição ('hubs') de passageiros, como Quénia, Cairo, Adis Abeba, Togo e África do Sul, com o objetivo de alargar para todos os países, colocando informação sobre o que é preciso para viajar de um sítio para o outro", disse Nkengasong.
"É preciso harmonizar os procedimentos e as medidas para a economia poder funcionar, porque há 29 países em África que exigem um teste negativo PCR para deixar entrar um viajante, mas há nove que pedem um teste PCR à chegada e 13 ainda impõem uma quarentena de 14 dias à chegada", apontou o responsável.
Antes, já a comissária dos Assuntos Sociais da União Africana, Almira El-Fildal, tinha salientado a importância da iniciativa 'Salvar Vidas, Salvar a Economia', que é apresentada hoje oficialmente.
"A campanha tem como objetivos específicos minimizar os custos da infeção e os custos económicos da pandemia e limitar o impacto em África partilhando informação", sendo direcionada para apresentar recomendações aos Estados sobre como reabrir as economias de forma segura, disse a comissária, salientando que as implicações económicas para as pessoas são muito penalizadoras.
"Ficar em casa quer dizer não ir à escola, quer dizer não haver rendimento, e para muitas famílias significa não haver comida em casa, por isso a pressão económica e política para reabrir as economias é compreensível", admitiu Almira El-Fildal.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em África, há cerca de 36 mil mortos confirmados em mais de 1,4 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.