"Há nesse islamismo radical [...] uma vontade reivindicada de mostrar uma organização metódica para violar as leis da República e criar uma ordem paralela de outros valores, para desenvolver uma outra organização da sociedade", afirmou Macron, apontando que o Islão é "uma religião que atravessa atualmente uma crise em todo o mundo".
"Quero que não haja nenhuma confusão nem nenhuma amálgama", mas "é inegável que há um islamismo radical que leva à negação da República", frisou, citando o "abandono escolar das crianças", o "desenvolvimento de práticas desportivas e culturais" por ativistas comunitários, o "doutrinamento" ou "a negação de princípios como a igualdade entre homens e mulheres".
Emmanuel Macron anunciou em seguida várias medidas para combater o radicalismo, como a obrigação de qualquer associação que concorra a financiamento público de assinar uma declaração de laicidade, um enquadramento reforçado das escolas religiosas privadas e uma limitação do ensino em casa.
Macron admitiu, contudo, responsabilidades das autoridades ao terem permitido o desenvolvimento da "guetização" de bairros.
"Concentrámos as populações em função das suas origens, não estimulámos suficientemente a diversidade e a mobilidade económica e social [...] e, com os nossos recuos e laxismos, eles construíram o seu projeto", afirmou.
O discurso do chefe de Estado, há muito esperado e várias vezes adiado, é feito uma semana depois do ataque com arma branca em Paris e quando decorre na capital francesa o julgamento de cúmplices do ataque 'jihadista' de 2015 à redação do jornal satírico Charlie Hebdo.
Emmanuel Macron anunciou hoje que vai apresentar em Conselho de Ministros, a 09 de dezembro, uma proposta de lei com medidas para a luta contra o separatismo.