Candidatura do Tarrafal a Património da Humanidade adiada para 2022
O ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, disse hoje que a entrega da candidatura do antigo Campo de Concentração do Tarrafal a Património da Humanidade foi adiada para 2022, devido a pandemia de covid-19.
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Mundo Covid-19
"Neste momento é impossível, porque as obras atrasaram-se, os especialistas internacionais que fariam a equipa conjunta também não puderam vir, nós não assinámos em maio o acordo de cooperação com Portugal para assistência técnica, portanto, é algo que vai ter de ficar para 2021 começarmos o processo", afirmou o ministro.
Abraão Vicente falava à imprensa, na cidade da Praia, à margem da apresentação das subvenções do Projeto Pró-Cultura, financiado pela União Europeia, Portugal e Fundação Calouste Gulbenkian, para apoiar iniciativas culturais em todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e em Timor-Leste.
Mesmo assim, o ministro garantiu que parte da equipa técnica continua a fazer o trabalho de levantamento, mas lembrou que o preenchimento da candidatura implica um conjunto de outros dossiês, nomeadamente o filme, as fotografias e a recolha de memória.
"A candidatura do campo de concentração está adiada, suponho, para entrega em 2022, não 2021", previu o governante, garantindo que os atrasos foram provocados pela pandemia de covid-19.
"Não fosse a pandemia nós assinaríamos o acordo a 05 de maio, como estava acordado com o ministro da Cultura de Portugal e neste momento a candidatura estava praticamente pronta a ser entregue", lamentou Abraão Vicente, que também tutela a área das Indústrias Criativas em Cabo Verde.
Neste momento, o antigo Campo de Concentração do Tarrafal está a receber obras reabilitação, como o ministro a prever que tudo esteja pronto em "meados de dezembro".
A candidatura do antigo Campo de Concentração do Tarrafal a Património da Humanidade contará com o apoio de Portugal.
Situado na localidade de Chão Bom, o antigo Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936 e recebeu os primeiros 152 presos políticos em 29 de outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956.
Reabriu em 1962, com o nome de "Campo de Trabalho de Chão Bom", destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Após a sua desativação, o complexo funcionou como centro de instrução militar e desde 2000 alberga o Museu da Resistência.
O espaço foi classificado Património Cultural Nacional em 2004 e integra a lista indicativa de Cabo Verde a património da UNESCO.
Ao todo, foram presas neste "campo da morte lenta" mais de 500 pessoas: 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.
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