Depois de o Parlamento Europeu ter aprovado um novo corte de 60 por cento nas emissões de dióxido de carbono até 2030, aumentando em cinco pontos percentuais a proposta da Comissão Europeia, o eurodeputado Nuno Melo, do CDS-PP, que se absteve, defendeu que é preciso "racionalidade e pragmatismo".
"A União Europeia não vive um tempo normal por causa da pandemia", afirmou, salientando que é preciso equilibrar ambições ambientais com a salvaguarda da economia e do emprego: "estamos a falar de gente, de pessoas".
Nuno Melo considerou que a proposta da Comissão Europeia "é ponderada e tem uma base científica, assente num estudo de impacto que define uma meta sustentável e atingível".
Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, por seu lado, entende que o aumento da ambição peca por ser pouco, afirmando que o ideal seria uma redução de 70% até 2030 e salientando que a orientação europeia precisa de "medidas regionais" para se concretizar.
"Não recuso avanços no sentido correto. São um passo, mas não o que precisávamos", considerou, apontando que "a União Europeia já está a ter dificuldade em cumprir metas" que permitam cumprir o objetivo do acordo de Paris de 2015, que visa limitar o aumento da temperatura global até ao fim do século.
A social-democrata Lídia Pereira, que também votou a favor dos 60%, considerou que é um número que permite conjugar "níveis de emprego com crescimento e redução de emissões".
"Os próximos 10 a 15 anos vão ser determinantes", referiu.
Nuno Melo alertou que a Europa não está entre os maiores poluidores, que são os Estados Unidos da América, a Rússia, a China e a Índia.
"Nada resolveremos se não conseguirmos envolver, à escala global, os maiores emissores" de gases com efeito de estufa, indicou.
Marisa Matias defendeu que é preciso salvaguardar "o emprego com direitos" e uma reformulação de toda a política de transportes, facilitando a transição para os veículos elétricos no transporte pessoal, mas também no transporte público e de mercadorias.
Nuno Melo destacou que a transição para cada vez mais veículos elétricos não deixará de ter impacto no tecido das empresas e do emprego.
Por exemplo, uma empresa como a Autoeuropa poderá desaparecer e poderá arrastar consigo centenas de empresas mais pequenas.