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Fauci diz que alegações de Trump sobre alegada "cura" causam confusão

As palavras do presidente norte-americano a congratular-se por superar a covid-19, graças a um tratamento experimental que o próprio descreveu como "cura", podem provocar "muita confusão", considerou hoje o especialista em coronavírus Anthony Fauci, que falou ainda de um evento "altamente propagador" na Casa Branca.

Fauci diz que alegações de Trump sobre alegada "cura" causam confusão
Notícias ao Minuto

06:59 - 10/10/20 por Lusa

Mundo Coronavírus

"Depende muito do que queres dizer com remédio, pois essa palavra causa muita confusão", disse o diretor do Instituto Americano de Doenças Contagiosas aos microfones da CBS Radio, que numa fase inicial fazia os briefings da Casa Branca sobre a evolução da pandemia.

O médico explicou que existem "bons tratamentos para pessoas hospitalizadas com doenças severas" e enumerou diferentes fármacos já testados em milhares de pacientes, tais como o antiviral remdesivir e o corticoide dexametasona, que foram prescritos ao presidente norte-americano, mas mostrou reservas em relação a tratamentos com anticorpos sintéticos como o desenvolvido pelo laboratório Regeneron e largamente elogiado por Donald Trump.

"Têm resultados prometedores nos ensaios clínicos, mas a sua eficácia geral e segurança ainda não foram provadas", justificou Anthony Fauci.

O internacionalmente respeitado cientista falou também de uma cerimónia que decorreu na Casa Branca, em 26 de setembro, um evento descrito como "altamente propagador" da doença e suspeito de estar na origem da infeção de vários convidados com covid-19.

"Tivemos um evento altamente propagador na Casa Branca"

Questionado sobre a eficácia das máscaras, depois de vários convidados terem testado positivo para o novo coronavírus, Fauci respondeu que "os dados falam por si".

"Tivemos um evento altamente propagador na Casa Branca, onde as pessoas estavam próximas umas das outras e não usaram máscara", apontou, sem especificar que evento.

Mais de 30 pessoas são suspeitas de terem sido infetadas durante a cerimónia organizada para a nomeação da candidata de Donald Trump para o Supremo Tribunal dos EUA, Amy Coney Barrett.

O presidente norte-americano afirmou esta semana que contrair a covid-19 foi "uma bênção de Deus" e prometeu aprovar "com urgência" e disponibilizar gratuitamente o coquetel experimental de anticorpos sintéticos da Regeneron com que foi tratado e que apelidou de "cura".

A declaração de Trump foi feita um dia depois de a Agência do Medicamento dos Estados Unidos (FDA) estabelecer critérios de aprovação de uma futura vacina contra a covid-19, que tornam improvável a sua autorização antes das eleições presidenciais em 03 de novembro.

Já hoje, um funcionário do governo de Trump, responsável pela resposta à pandemia no país, disse que os EUA podem esperar a distribuição de uma vacina a partir de janeiro de 2021, numa altura em que um coro bipartidário de legisladores, especialistas e funcionários de saúde pública afirmam que o país está mal preparado para o previsível aumento de casos de covid-19 durante o inverno.

Numa mensagem de email, o secretário assistente de preparação e resposta do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, Robert Kadlec, afirmou que o governo "está a acelerar a produção de vacinas seguras e eficazes para garantir a entrega a partir de janeiro de 2021".

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (212.789) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de 7,6 milhões).

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