O anúncio surgiu no mesmo dia em que as autoridades sanitárias argentinas contabilizaram, nas últimas 24 horas, 551 mortos e 15.099 casos de covid-19, elevando o número de mortos, desde o início da pandemia, para 23.225 mortos e o de infetados para 871.468.
Nos últimos dez dias, a Argentina passou do nono para o sexto lugar no número de contágios, superando México, Peru e Espanha.
"Durante os próximos 14 dias, em municípios de 18 províncias do país, vamos tomar medidas que garantam a diminuição intensa da circulação de pessoas nas ruas", anunciou Alberto Fernández.
A extensão e o agravamento das regras de isolamento social obrigatório vão estar em vigor "até 25 de outubro", em "todas as cidades onde o sistema de saúde está sobrecarregado", indicou.
A ocupação das Unidades de Terapia Intensiva está em 63,3% na região metropolitana de Buenos Aires, mas varia entre 80 e 96% em diversas localidades do interior do país, onde, apesar de oito meses de quarentena, não houve uma preparação adequada do sistema de saúde.
"Acreditámos, no começo, que fosse um problema restrito à área metropolitana de Buenos Aires, mas descobrimos que não foi assim. Precisamos voltar a ganhar tempo para que esse sistema se alivie até que a vacina chegue", acrescentou Fernández, dando a entender que a quarentena argentina não terminará até que a população esteja vacinada.
Em 23 de maio, 92,4% dos casos de covid-19 eram contabilizados na área metropolitana de Buenos Aires, com três milhões de habitantes, e em outros dez municípios na província de Buenos Aires, numa população total de 16 milhões de pessoas.
Em 05 de setembro, a área urbana mais povoada do país registava 52,6% dos contágios, enquanto no interior eram contabilizados 47,4 dos casos.
Agora, a situação inverteu-se. Em 03 de outubro, o interior do país passou a somar 64,9% dos novos contágios, enquanto na área metropolitana de Buenos Aires foram registados 35,1% dos casos.
"Parece que o problema já não é a área metropolitana de Buenos Aires, onde o problema não está resolvido, mas parece controlado. Ainda não estamos bem. Temos uma quantidade de contágios em Buenos Aires que nos preocupa", admitiu o Presidente, que atribuiu o aumento dos contágios "às reuniões sociais entre amigos e familiares", apesar de um decreto proibir reuniões entre pessoas que não convivam habitualmente.
De acordo com várias sondagens, o confinamento tem 35% de apoio popular. Mais da metade da população rejeita a extensão da quarentena, iniciada em 20 de março.
O cansaço social e a necessidade de trabalhar aparecem entre os motivos principais para a rejeição ao regime de restrições.
A Argentina é também um dos países que menos testes faz para detetar a infeção. A falta de rastreio e de isolamento de contagiados resulta num aumento dos números, apesar da quarentena mais prolongada do mundo.
Os poucos testes que faz também colocam o país com a taxa positiva mais alta do mundo: 55,8%.
De cada dez pessoas com testes realizados, seis estão contagiadas, indicando que o país está longe de controlar o novo coronavírus SARS-CoV-2.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e sessenta e três mil mortos e mais de 36,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.