O chefe da Igreja católica, conhecido pela sua afinidade com os media e a tecnologia, disse numa mensagem de vídeo gravada numa conferência TED sobre alterações climáticas que a pandemia do novo coronavírus colocou no centro do debate o desafio social e ambiental que o mundo enfrenta.
"A ciência diz-nos, cada dia com maior precisão, que é necessário atuar com urgência - e não estou a exagerar, é a ciência que o diz - se pretendemos manter a esperança de evitar alterações radicais no clima e catástrofes", disse o Papa Francisco.
Ao referir-se ao objetivo primordial para a próxima década, indicou a construção de um mundo capaz de responder às atuais gerações "sem comprometer as possibilidades das futuras gerações". E completou este apelo ao recorrer à sua encíclica de 2015 sobre alterações climáticas "Laudato Si" (Sejam Louvados), e à mais recente "Fratelli tutti" (Todos irmãos), sobre o falhanço do capitalismo de mercado.
Francisco estabeleceu três caminhos de atuação: promover a educação ambiental "baseada no conhecimento científico e numa abordagem ética", assegurando a água potável e um fornecimento adequado de alimentos através de uma agricultura sustentável e na promoção da transformação de combustíveis fósseis em fontes de energia limpas.
"Restam-nos penas alguns anos -- os cientistas calculam aproximadamente menos de 30 -- para uma drástica redução das emissões de gás e do efeito de estufa na atmosfera", disse, acrescentando que a transição necessita de ter em consideração o impacto nos pobres, nas populações locais e naqueles que trabalham no setor da energia.
O Papa apelou aos investidores para excluírem as empresas que não respeitam o ambiente, à semelhança que já está a ser praticado por diversas organizações congéneres.
"De facto, a Terra tem de ser cuidada, cultivada e protegida; não podemos continuar a espremê-la como uma laranja. E podemos dizer isto, cuidar da Terra é um direito humano", disse Francisco.
Esta conferência, com o título 'Countdown' ('Contagem regressiva') e a primeira gratuita da TED, inclui como convidados figuras como os atores norte-americanos Jane Fonda e Don Cheadle e o vice-presidente dos EUA Al Gore, e com oradores como o príncipe William do Reino Unido e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.