Angola entre os países africanos que defendem suspensão da dívida

A ministra das Finanças angolana, Vera Daves, juntou-se a outros governantes africanos que defendem o prolongamento da iniciativa de suspensão da dívida para 2021, posição expressa num encontro de alto nível com representantes do FMI e Banco Mundial.

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Lusa
12/10/2020 13:05 ‧ 12/10/2020 por Lusa

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Angola

O seminário que juntou a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, e o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass, a vários ministros africanos visou identificar opções para ampliar o financiamento à região africana nos próximos cinco anos, partilhar experiências com as políticas implementadas pelos vários países em resposta à pandemia e as suas consequências económicas e sociais, anunciou hoje o ministério das Finanças (MINFIN).

No seminário sobre "Mobilização com África", os intervenientes "convergiram quanto à necessidade de mobilização de recursos internacionais extraordinários para acudir à situação pós-pandemia" e pediram um prolongamento até 2021 da Iniciativa do G-20 para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), destaca o MINFIN numa nota publicada no seu portal.

Vera Daves de Sousa referiu-se às medidas, sobretudo em termos de sustentabilidade da dívida, para fazer face ao choque da pandemia sobre a economia e sistemas de saúde.

"Gostaríamos de ver a extensão das iniciativas de alívio existentes, pelas quais agradecemos a todos os parceiros multilaterais e bilaterais, e enfatizamos o nosso compromisso de tornar as nossas economias e sistemas de saúde mais resistentes a choques, manter a sustentabilidade da dívida, melhorar o ambiente de negócios e criar as condições para o investimento estrangeiro direto e a diversificação económica que promova o crescimento", afirmou a governante angolana, citada pelo MINFIN.

O seminário sobre "Mobilização com África", realizado de forma virtual, serviu de antecâmara das reuniões anuais das instituições financeiras internacionais que decorrem entre hoje e 17 de outubro.

No encontro, Kristalina Georgieva, citada na nota do MINFIN, salientou a necessidade de os Estados africanos intensificarem as reformas económicas que visam a melhoria da qualidade da despesa em domínios fundamentais como a educação, saúde, digitalização e infraestruturas, indicando que sem reformas, "a ajuda externa não será eficaz nem suficiente".

David Malpass informou, por seu turno, que o Conselho de Administração do Banco Mundial está em vias de aprovar, nos próximos dias, um programa de 12 mil milhões de dólares norte-americanos destinados a aquisição de vacinas para a prevenção da covid-19.

O presidente do Grupo Banco Mundial anunciou também o lançamento, na próxima semana, da primeira edição do relatório sobre o Estado Internacional da Dívida, "documento que reflete a gravidade da situação, particularmente entre os países africanos".

Na mesma ocasião, o Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, anunciou a realização, em maio de 2021, em Paris, de uma Conferência Internacional de Alto Nível para o financiamento de África, tendo em vista a mobilização de recursos para o financiamento de grandes projetos de investimento público, com envolvimento do setor privado.

O evento juntou entidades políticas e governativas de vários países africanos, especialmente ministros das Finanças e da Economia e governadores dos bancos centrais, com destaque para Senegal, Gana, Nigéria, Camarões e Tunísia, assim como de altos responsáveis de organizações multilaterais internacionais.

Estiveram igualmente presentes o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, e a secretária executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Vera Songwe.

Esta foi a segunda edição do evento promovida pelo Departamento Africano do FMI.

 

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