"Se o parlamento determinar que não tem mais confiança neste Governo, infelizmente, é o mesmo que dizer, sim, eleições antecipadas", afirmou o líder liberal.
A oposição conservadora apresentou uma moção para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar um escândalo ético que abalou no verão passado o governo minoritário de Trudeau.
A comissão, em que a oposição será maioritária, disporá de vastos poderes para aprofundar o tema "Unidos", nome em português da associação de caridade We Charity, que está no centro do escândalo.
Atualmente dissolvida, a associação tinha recebido um importante contrato do governo no início do verão, quando remunerou membros da família Trudeau.
Como alternativa, o Governo está a propor a criação de outra comissão, que controlará e examinará todos os gastos que fez desde o início da pandemia em março.
A resolução da oposição conservadora deve ser submetida a votação na Câmara dos Comuns nos próximos dias.
No entanto, Trudeau decidiu que faria desta votação uma questão de confiança no seu governo, ao mesmo tempo em que reafirmou que não queria novas eleições.
"Caberá aos partidos da oposição decidir se querem continuar a fazer funcionar este parlamento (...) ou se, como os conservadores, perderam a confiança neste governo", insistiu Trudeau, que falava numa conferência de imprensa.
"Temos perguntas razoáveis. Não é a nossa prioridade ter uma eleição, mas os canadianos precisam de respostas para (saber) a verdade e é por isso que temos hoje esta moção hoje", disse Erin O'Toole, a nova líder do Partido Conservador.
Esta "guerra de desgaste", como considera a France-Press (AFP), surge duas semanas depois de o governo ter sobrevivido a um voto de confiança no parlamento sobre as suas principais prioridades para a recuperação económica do país.
Na ocasião, o Governo obteve o apoio do Novo Partido Democrático (NDP, esquerda), o terceiro grupo de oposição na Câmara, evitando eleições antecipadas, apenas um ano após as legislativas de outubro de 2019.
Os separatistas do NDP e do Bloco Québécois ainda não indicaram se votarão a favor ou contra a moção conservadora.