"Estamos a acompanhar com atenção e preocupação. A Guiné-Conacri está numa situação muito delicada. Nós passámos por essa situação. Mas também ouvi que a única entidade, instituição, na Guiné-Conacri que se pode pronunciar sobre eleições é a Comissão Nacional de Eleições, outros tiveram outro entendimento em relação à Guiné-Bissau", afirmou Umaro Sissoco Embaló.
O Presidente guineense falava aos jornalistas no final do Conselho de Ministros, no Palácio do Governo, em Bissau.
"Como quando a Comissão Nacional de Eleições se pronunciou e disseram, incluindo o Presidente da Guiné-Conacri, que devia ser o Tribunal. Hoje, lá é a Comissão Nacional", afirmou.
Questionado sobre uma entrevista dada pelo ministro do Interior da Guiné-Conacri, Damantang Albert Camará, que disse estar a seguir uma pista relativa à entrada de armas no país através da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou tratar-se de "fake news" (notícias falsas).
"Isso é 'fake news'. Internamente temos problemas de armas, como é que vamos introduzir armas na Guiné-Conacri?", questionou.
"As pessoas têm de compreender que o Presidente da República Umaro Sissoco Embaló não é um Presidente assassino, nem um Presidente da desordem. Nós lutamos para voltar a fazer parte do concerto das Nações e a Guiné-Bissau não vai associar-se a nada que possa desestabilizar outro país", salientou.
Vários confrontos entre apoiantes do candidato Celo Dalein Diallo e as forças de seguranças eclodiram segunda-feira em Conacri e em várias cidades da Guiné-Conacri, depois de aquele candidato se ter declarado vencedor das eleições presidenciais e quando a Comissão Nacional de Eleições Independentes ainda não apurou os votos em todo o país.
Num comunicado divulgado sexta-feira à imprensa, a Human Rights Watch (HRW) refere-se que as forças de segurança da Guiné-Conacri mataram pelo menos oito pessoas, incluindo três crianças, durante manifestações em Conacri, desde domingo, e que dezenas de outras pessoas ficaram feridas.
A organização referiu também que tem havido interrupções no fornecimento de Internet em todo o país, o que está a dificultar a jornalistas e ativistas dos direitos humanos nacionais e estrangeiros acompanhar a situação.
"As forças de segurança na Guiné-Conacri devem responder aos protestos com moderação. A repressão contínua pode inflamar uma situação já de si tensa que pode ter repercussões desastrosas. Os responsáveis pelo uso de força letal excessiva ou desnecessária durante os protestos desta semana devem ser investigados e responsabilizados", defendeu a vice-diretora para África da Human Rights Watch, Ida Sawyer.
Sawyer pediu também às autoridades que restaurem "imediatamente o acesso à Internet, para que as pessoas possam comunicar, obter informações e relatar os acontecimentos que estão a ocorrer".