"Não podemos desistir. Não devemos desistir", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa altura em que a situação epidemiológica se agrava sobretudo no continente europeu e nos Estados Unidos.
O diretor-geral da OMS admitiu que após meses de luta contra a pandemia que já matou mais de 1,1 milhões de pessoas, parece estar a instalar-se algum cansaço, mas pediu que a luta continue, um dia depois de um alto funcionário do governo de Donald Trump ter sugerido que os Estados Unidos estão a desistir de "assumir o controlo" da pandemia.
"É perigoso abdicar do controlo" da pandemia, sublinhou, contrariando as declarações do chefe de gabinete do presidente norte-americano, Mark Meadows, que afirmou que a única forma de vencer a pandemia é através medidas de mitigação, como uma vacina ou de um tratamento.
"Não devemos desistir e é por isso que dizemos que, se concordarmos com o chefe de gabinete que proteger os mais vulneráveis é importante, abrir mão do controlo [da pandemia] é perigoso", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante a habitual conferência de imprensa da OMS.
A propósito da estratégia anunciada pelos Estados Unidos, assente na mitigação e não no controlo da doença, o responsável de emergências sanitárias da OMS, Mike Ryan, lamentou que "ainda haja pessoas que não tomem medidas contra a covid-19 porque não acreditam na doença ou na pandemia" e pediu medidas persuasivas para combater essa atitude.
"A mitigação é importante, mas não nos podemos centrar inteiramente nisso. Os Estados Unidos tiveram muitos problemas em março e em abril, quando se centraram nessa estratégia enquanto os seus departamentos de emergência estavam saturados", alertou o especialista da OMS.
Mike Ryan insistiu ainda na necessidade de pensar nas pessoas mais vulneráveis à doença, como os idosos ou outros doentes, e garantiu que "a melhor forma de protegê-los é fazer todos os possíveis para reduzir a transmissão da covid-19 na comunidade".
"Não podemos abandonar o objetivo de suprimir e controlar a transmissão. Agora é difícil nos Estados Unidos e na Europa, mas se cada pessoa fizer o necessário para reduzir a sua exposição ao vírus pode haver progressos significativos", concluiu.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 43 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.343 pessoas dos 121.133 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.