Muçulmanos "têm o direito de matar franceses", diz ex-primeiro-ministro

O ex-primeiro-ministro da Malásia Mahathir Mohamad declarou hoje que os muçulmanos "têm o direito de matar milhões de franceses", pouco depois do atentado numa igreja de Nice (sudeste de França), ao qual contudo não fez referência.

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Lusa
29/10/2020 15:38 ‧ 29/10/2020 por Lusa

Mundo

Malásia

Mahathir Mohamad, que chefiou o executivo da Malásia, país muçulmano, até fevereiro passado, escreveu hoje uma série de mensagens, em inglês, na sua conta na rede social Twitter, partindo do assassínio, a 16 de outubro, de um professor francês que tinha mostrado caricaturas de Maomé aos alunos e criticando o Presidente francês, Emmanuel Macron.

Ao referir-se à decapitação do professor, Mahathir afirma não aprovar o atentado, mas defende que a liberdade de expressão "não inclui insultar outras pessoas".

"Independentemente da religião em causa, as pessoas zangadas matam", escreve o ex-primeiro-ministro, de 95 anos, que no passado fez várias declarações polémicas sobre judeus e homossexuais.

"Os franceses, ao longo da sua história, mataram milhões de pessoas. Muitas eram muçulmanos", continua, acrescentando que "os muçulmanos têm o direito de estar zangados e de matar milhões de franceses pelos massacres do passado".

Mahathir, que ocupou por duas vezes o cargo de primeiro-ministro, acumulando 24 anos na chefia do executivo malaio, afirma nas mensagens que Emmanuel Macron "não mostra estar a ser civilizado" e "é muito primitivo quando culpa a religião islâmica e os muçulmanos pelo assassínio" do professor.

"Os franceses devem ensinar aos seus cidadãos o respeito pelos sentimentos dos outros. Quando acusamos todos os muçulmanos e a religião dos muçulmanos pelo que uma pessoa zangada fez, os muçulmanos têm o direito de castigar os franceses", escreve.

"O boicote não pode compensar as injustiças cometidas pelos franceses durante todos estes anos", acrescenta.

Na série de 'tweets', divulgada ao final da manhã de hoje, Mahathir Mohamad não se refere ao ataque de Nice, ocorrido escassas horas antes e em que três pessoas foram mortas numa igreja católica por um homem que, segundo fonte próxima do inquérito, gritou 'Allah Akbar' ("Deus é grande").

O ataque ocorre duas semanas depois da decapitação de um professor na região parisiense, assassinado depois de ter mostrado caricaturas de Maomé numa aula sobre liberdade de expressão.

Numa homenagem ao professor, Samuel Paty, o Presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou o compromisso de França com a liberdade de expressão, incluindo a publicação de caricaturas

As declarações do chefe de Estado francês suscitaram contestação em vários países muçulmanos, incluindo manifestações e boicotes aos produtos franceses.

 

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