A posição foi adotada na videoconferência de hoje dos ministros da Saúde europeus, na qual houve um "acordo unânime para reformar" a OMS, para esta organização se torne "mais transparente, mais eficaz e mais poderosa", afirmou o governante alemão responsável por esta tutela, Jens Spahn, em nome da presidência alemã do Conselho da UE.
Em declarações à imprensa no final dessa videoconferência, Jens Spahn explicou que a UE pretende que esse processo "comece agora" e que não "se espere pelo final da pandemia" de covid-19, já que a reestruturação da OMS "deve acontecer em paralelo" à resposta ao surto.
Esta posição será formalizada numa declaração conjunta a adotar em novembro.
O papel da OMS na gestão desta pandemia tem vindo a ser posto em causa por parte dos Estados Unidos, tendo inclusive a administração norte-americana dado início ao processo de retirada do país da organização, na qual Washington é o principal contribuinte.
A principal crítica do Presidente norte-americano, Donald Trump, é que a OMS está a ser complacente com a China, onde surgiu esta pandemia no final do ano passado.
Além das críticas de Washington, a China tem recebido forte críticas de outras partes dado ter recusado investigações independentes no seu território no início da pandemia.
Entretanto, perante as acusações dos Estados Unidos à OMS, a UE tem vindo a defender esta organização mundial, rejeitando cortes no financiamento.
Falando aos ministros europeus no arranque da videoconferência de hoje, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, apontou que, "por vezes é preciso haver situações de crise como estas para se dar valor ao que existe", analogia que aplicou à importância da OMS.
"Precisamos de uma OMS eficaz que possa cumprir o seu papel fundamental na liderança da resposta internacional a emergências sanitárias e na prestação de assistência aos países mais vulneráveis", argumentou a comissária europeia.
Stella Kyriakides defendeu, também, a existência "de um sistema sólido de segurança sanitária global, que defina os nossos papéis e obrigações mútuos" como faz a OMS.
"Como União, devemos tomar medidas decisivas e estratégicas para nos protegermos melhor contra as pandemias, mas devemos também reforçar as capacidades globais para melhor prevenir, identificar e responder às ameaças globais à saúde", concluiu.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 45,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo.
Em Portugal, morreram 2.468 pessoas dos 137.272 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.