"O Governo da Costa do Marfim tem proibido manifestações públicas desde 19 de agosto, e as forças de segurança têm interrompido à força protestos da oposição e prendido manifestantes", adiantou a Human Rights Watch (HRW) num comunicado emitido de Nova Iorque.
Segundo a diretora adjunta para África da HRW, Ida Sawyer, citada na nota, "a história recente da Costa do Marfim vem realçar a necessidade de as autoridades fazerem o seu melhor para garantirem que as eleições presidenciais não pressagiem um regresso à violência intercomunitária e política generalizada".
Assim, a ONG apelou a que as autoridades assegurem que "todos possam manifestar-se pacificamente e exprimir as suas preocupações sem interferência".
Por outro lado, defendeu que "as forças de segurança devem usar de contenção, nunca da força excessiva, e em vez disso trabalhar para proteger todos os manifestantes, independentemente da sua etnia ou filiação política".
Além disso, "os responsáveis governamentais e das forças de segurança e os líderes políticos não devem utilizar linguagem suscetível de incitar ao ódio ou à violência étnica", sublinhou a HRW.
A ONG defendeu que "os responsáveis pelo uso excessivo da força, pelo recrutamento de bandidos para cometer atos violentos, e outras violações dos direitos humanos, deveriam ser imparcialmente investigados e responsabilizados".
Um comunicado de alerta, na véspera de umas eleições conturbadas na Costa do Marfim.
Cerca de 7,5 milhões de costa-marfinenses vão no sábado às urnas numa eleição marcada por receios de violência e ameaças de boicote por parte da oposição, que contesta a recandidatura do Presidente cessante a um terceiro mandato, considerado inconstitucional.
Desde agosto, altura em que o atual chefe de Estado, Alassane Ouattara, anunciou a sua recandidatura, vários incidentes e confrontos causaram já cerca de 30 mortes, reforçando os receios de uma escalada de violência étnica, 10 anos após a crise de 2010 de que resultaram 3.000 mortos.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, também apelou para que as eleições presidenciais de sábado na Costa do Marfim sejam "conduzidas pacificamente", numa altura em que surgem novos relatos de incidentes no país.