O dia de terça-feira foi calmo e a correr dentro da normalidade possível em Nova Iorque, mas placas de contraplacado estiveram a ser cortadas e montadas durante todo o dia para proteger vidros de lojas, em receio de uma repetição do que aconteceu no início do verão, durante os protestos contra a violência racista, marcadas por incidentes violentos de vandalismo e saque.
Richard Allen, estudante de 41 anos, diz à Lusa, momentos antes de entrar numa fila para votar, não ter "a mínima ideia" sobre o que pode acontecer em Nova Iorque e no resto dos Estados Unidos, mas espera resultados decisivos para que o país não fique "empatado durante semanas ou meses em deliberações, recontagens e intervenções do Supremo Tribunal".
As eleições nos Estados Unidos são vistas como um referendo à Presidência de Donald Trump, do partido Republicano, que tenta uma reeleição, enquanto a maioria das sondagens preveem a vitória de Joe Biden, do partido Democrata.
"Não tenho a mínima ideia, honestamente. Não estava à espera que Trump vencesse da última vez e parece-me impossível de novo, mas certamente que não é impossível", considera Richard Allen.
Apesar da esperança de Richard e muitos outros norte-americanos, os especialistas consideram, há meses, que é muito provável que se repita o cenário das eleições de 2000, quando o democrata Al Gore e o republicano George Bush entraram em disputas judiciais que só foram terminadas com uma decisão do Supremo Tribunal um mês depois do dia da eleição.
As placas de contraplacado, instaladas em frente ou detrás dos vidros dão a impressão de a cidade estar fechada, mas por isso, os proprietários colaram avisos "estamos abertos".
Para Richard, estas barricadas parecem mostrar um ambiente mais "alarmista" do que se justifica, já que "Nova Iorque tem sido, em grande parte, muito calma e responsável durante toda a pandemia".
No entanto "dependendo do que acontecer", as pessoas podem sair à rua e protestar em várias partes do país, considera Richard.
Elizabeth Benasse foi uma das mais de 100 milhões de pessoas que votaram antecipadamente este ano nos Estados Unidos.
A cantora de 33 anos considera que os norte-americanos "participaram em peso" nas votações antecipadas "para se sentirem mais seguros" e dar mais liberdade aos que preferiram votar presencialmente hoje.
"É engraçado para mim, porque estou em Nova Iorque há muito tempo e este tem sido um dos anos mais duros até agora", diz a norte-americana, falando de sentimentos contraditórios que os habitantes sentem.
Elizabeth não se deixa intimidar pelas barricadas montadas em todas as avenidas e ruas do centro de Nova Iorque, mas "o que é realmente assustador" para a cantora são as paradas de carros com bandeiras e 'slogans' de campanha a parar o trânsito, como aconteceu recentemente em alguns locais da cidade.
"Os comércios e negócios aqui estão a tentar ser extra cuidadosos", comenta Elizabeth, acrescentando que se sentiu segura durante os grandes protestos que aconteceram diariamente no verão e passaram perto de sua casa.
Unidades policiais foram reforçadas e estão destacadas por vários locais estratégicos de Nova Iorque, enquanto o 'mayor' Bill de Blasio disse que não havia "nenhuma razão particular" para os negócios se protegerem com barricadas, esperando que, a haver manifestações, ocorram de forma pacífica.