Covid-19 também prospera na negação, diz OMS. "Ignorância propositada"

Tedros Adhanom Ghebreyesus indicou, esta segunda-feira, que as pessoas podem estar cansadas do vírus, "mas ele não está cansado" delas, apelando mais uma vez ao compromisso comum.

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© Peace One Day via Getty Images

Anabela Sousa Dantas
09/11/2020 11:59 ‧ 09/11/2020 por Anabela Sousa Dantas

Mundo

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"Podemos estar cansados da Covid-19, mas ela não está cansada de nós. Sim, ataca quem tem menos saúde. Mas ataca outras fraquezas, também: igualdade, divisão, negação, pensamentos ilusórios e ignorância propositada", indicou esta segunda-feira, em conferência de imprensa, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Tedros Adhanom Ghebreyesus acrescentou que não é possível "negociar com a Covid-19 nem fechar os olhos e esperar que desapareça", uma vez que a doença, causada pelo vírus SARS-CoV-2 "não ouve retórica política nem teorias da conspiração". "A nossa única esperança é a ciência, soluções e solidariedade".

Sublinhando que a crise é global, Tedros indicou que os "países foram afetados de forma diferente e tiveram respostas diferentes". "Metade dos casos e óbitos relacionados com a Covid-19 tiveram lugar em apenas quatro países".

O especialista em saúde pública sublinhou que "há muitos países e cidades que conseguiram prevenir e controlar a transmissão da Covid-19 com uma resposta abrangente e baseada em evidência científica". Ainda assim, em vários países, em especial na Europa e na América do Norte e Sul, "foram agora reintroduzidas restrições para combater a nova vaga de infeções de Covid-19 que estão a enfrentar, e evitar que os sistemas de saúde colapsem".

"Esse é trabalho que a OMS tem feito desde o início", defendeu. "Conseguimos progresso científico juntando milhares de especialistas para analisar as evidências em constante mutação e transformá-las em orientação, para identificar um mapa orientador de pesquisa que preencha as lacunas do nosso conhecimento", disse, lembrando os "mais de 600 documentos orientadores" publicados pela organização de saúde, que foram "descarregados até 9 milhões de vezes por mês".

Tedros Adhanom Ghebreyesus fez ainda referência aos 50 milhões de casos de infeção a nível global - marca que foi atingida no domingo - e os mais de 1,2 milhões de óbitos associados à doença, uma consequência devastadora que acontece "também por causa do impacto no serviços de saúde essenciais".

Por outro lado, acrescentou que a pandemia tem consequências que não são mensuráveis. "Não podemos medir a dor das família que não se puderam despedir de entes queridos. Não podemos medir o medo que tantos sentiram na face de um futuro incerto".

O especialista lembrou que "ninguém olha para o efeitos a longo-prazo do vírus no corpo humano, ou no tipo de mundo que os nossos filhos e netos vão herdar". 

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