"A decisão da China de afastar arbitrariamente deputados eleitos pró-democracia de Hong Kong dos seus cargos representa mais um ataque ao alto grau de autonomia e liberdades de Hong Kong sob a Declaração Conjunta Reino Unido-China", denunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab.
O chefe da diplomacia britânico considera que esta "campanha para perseguir, sufocar e desqualificar a oposição democrática mancha a reputação internacional da China e mina a estabilidade de longo prazo de Hong Kong".
O executivo de Hong Kong anunciou hoje que vai desqualificar os legisladores Alvin Yeung, Dennis Kwok, Kwok Ka-ki e Kenneth Leung, levando todos os outros deputados da oposição a anunciar a renúncia ao conselho legislativo da região semiautónoma da China.
A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse hoje que os legisladores devem agir de maneira adequada e que a cidade precisa de uma assembleia composta por patriotas.
As desqualificações ocorreram depois de o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China, que reuniu na terça e quarta-feira, aprovar uma resolução que afirma que aqueles que apoiam a independência de Hong Kong, recusam-se a reconhecer a soberania da China sobre a cidade, ameaçam a segurança nacional ou pedem a intervenção de forças externas nos assuntos da cidade, devem ser desqualificados.
Esta é uma consequência da lei de segurança nacional imposta por Pequim que pune atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, a qual que o Reino Unido já tinha qualificado anteriormente "uma violação clara e grave" da Declaração Conjunta sino-britânica, assinada em 1984.
Em represália, Londres suspendeu o tratado de extradição com Hong Kong e abriu uma nova via especial para a atribuição de cidadania britânica a cidadãos de Hong Kong titulares do passaporte nacional britânico.
O Reino Unido transferiu Hong Kong para a administração da China em 1997 com a condição de que o território manteria certas liberdades, além de autonomia judicial e legislativa por 50 anos, num modelo que se designou de "Um país, dois sistemas".
BM (JPI/SCA)// ANP
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