Num documento hoje divulgado, a organização internacional instou os governos a exigirem, com urgência, que as empresas farmacêuticas sejam transparentes em todos os acordos relacionados com as vacinas, bem como os dados e custos dos testes clínicos.
"Os custos de investigação e desenvolvimento destas vacinas foram largamente suportados por milhares de milhões de dólares de dinheiros públicos", frisou a MSF, em comunicado.
Para a organização de ajuda médica e humanitária, os contribuintes têm o direito de saber o que está nesses acordos e a ter acesso a "informação detalhada e transparente" sobre os custos e os dados dos ensaios clínicos.
"Os termos de um acordo divulgado mostram que não podemos confiar na boa vontade da indústria farmacêutica para fazer a coisa certa, mesmo numa pandemia", lê-se no comunicado.
Os Médicos Sem Fronteiras referem-se a um acordo firmado entre a farmacêutica AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz, do Brasil, cujos termos consideram preocupantes.
A organização defende que estes acordos devem ser públicos, tendo em conta os milhões de fundos públicos envolvidos.
De acordo com os Médicos Sem Fronteiras, a empresa "deu-se ao poder" de declarar o fim da pandemia em julho de 2021 e após essa data poderá "cobrar elevados preços a governos e outros compradores por uma vacina que foi inteiramente financiada pelo público".
A licença exclusiva original entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford ainda não foi tornada pública: "Os termos determinam, em grande parte, os termos dos acordos subsequentes da empresa com outros fabricantes de vacinas em todo o mundo".
Os MSF avisaram ainda que pessoas com conhecimento da licença AstraZeneca-Oxford questionaram o compromisso "sem lucro" da empresa, dizendo que a AstraZeneca pode cobrar até 20% a mais do que os custos associados à produção da vacina.