Instituto brasileiro receberá vacina Coronavac esta semana

O Instituto Butantan, vinculado ao estado brasileiro de São Paulo, informou hoje que receberá esta semana doses prontas da Coronavac, potencial vacina chinesa contra a Covid-19, e até ao final do mês a matéria-prima para produção.

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Lusa
17/11/2020 22:39 ‧ 17/11/2020 por Lusa

Mundo

Coronavírus

"Receberemos vacinas esta semana. Vamos receber já uma primeira partida de vacinas prontas da China. Também receberemos ainda neste mês uma quantidade inicial de 600 litros de matéria-prima para iniciar a produção aqui no Butantan. Tudo caminha para que rapidamente tenhamos 46 milhões de doses de vacinas prontas para uso, já em janeiro", afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, citado pela imprensa local.

Já o governador de São Paulo, João Doria, identificou a próxima quinta-feira como o dia em que a vacina chegará ao país.

"A vacina do Butantan, a Coronavac, ela chega agora, nesta quinta-feira. Chega já o primeiro lote das vacinas. Ela virá em lotes, pronta do laboratório Sinovac, e depois nós produziremos aqui, no próprio Butantan, para os brasileiros de São Paulo e brasileiros de todo o país, isto se o Ministério da Saúde entender, como deveria, que a vacina é para todos. Aliás, essa é a nossa defesa", disse Doria, em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco.

A vacina precisa ainda de ser registada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador) antes de ser distribuída e aplicada à população.

A Coronavac encontra-se na terceira fase de testes no país sul-americano, através de uma parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e as autoridades do estado de São Paulo, cujo governador, João Doria, se tornou um dos adversários mais ferrenhos do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o que levou a uma forte disputa política em torno do imunizante.

Em 20 de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a intenção do Governo central de comprar 46 milhões de doses da fórmula chinesa. Porém, algumas horas após o anúncio, Bolsonaro desautorizou o seu ministro, através das redes sociais, e vetou a compra da Coronavac, argumentando que o imunizante ainda nem sequer havia superado a fase de testes clínicos.

A recusa do chefe de Estado brasileiro contrasta com um outro acordo - firmado pelo seu Governo com a Universidade de Oxford e com o laboratório AstraZeneca - para a compra de 100 milhões de doses da vacina, que ambas as instituições desenvolvem e que se encontra na mesma fase de estudos que o imunizante da Sinovac.

Na semana passada, Bolsonaro adensou ainda mais a polémica em torno da vacina, ao declarar "vitória" após a suspensão dos testes da Coronavac, depois da morte de um voluntário.

"Mais uma vitória de Jair Bolsonaro. (...) Morte, invalidez, anomalia. Essa é a vacina que [João] Doria (governador de São Paulo) queria obrigar o povo paulista a tomar", escreveu Bolsonaro nas redes sociais, após o anúncio da suspensão dos testes da vacina chinesa no Brasil.

A posição do Presidente gerou várias críticas, quer por parte de políticos, quer de profissionais de saúde, que o acusaram de politizar o imunizante e de "comemorar" o óbito de um brasileiro.

Contudo, a Avisa autorizou a retoma dos testes no Brasil, após as autoridades terem concluído que o óbito não estava relacionado com a vacina.

Depois de várias críticas, Bolsonaro recuou e admitiu na última quinta-feira a possibilidade de adquirir a Coronavac, caso seja aprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, e vendida a um preço que considere adequado.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,8 milhões de casos e 166.014 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.328.048 mortos resultantes de mais de 55 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

 

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