"Penso que a situação é grave na Guiné, pela sua juventude, pela sua vitalidade democrática e pelo seu progresso", disse Emmanuel Macron, numa entrevista publicada na revista Jeune Afrique.
Alpha Condé, 82 anos, foi reeleito na primeira volta das eleições presidenciais, em 18 de outubro, com 59,50% dos votos, mas a oposição denunciou irregularidades de todo o tipo após uma campanha agitada.
"O Presidente Condé tem uma carreira de opositor que justificaria que ele próprio preparasse uma boa alternância na sua organização. E, evidentemente, ele organizou um referendo e uma mudança na Constituição apenas para se manter no poder. É por isso que ainda não lhe enviei uma carta de felicitações", afirmou Emmanuel Macron.
Questionado sobre estas eleições bem como sobre as igualmente controversas eleições na Costa do Marfim, Macron salientou que "a França não tem de dar lições". "O nosso papel é apelar ao interesse e à força do modelo democrático num continente cada vez mais jovem", explicou.
Porém, o Presidente francês disse que "pensa realmente" que Alassane Ouattara, 78 anos, "concorreu ao cargo por dever" nas eleições presidenciais, de 31 de outubro, porque "não queria". A crise eleitoral causou, entretanto, 85 mortos em três meses.
"Caberá ao Presidente Alassane Ouattara definir os termos de uma vida política pacífica. Ele deve sem dúvida ter gestos de abertura na composição do próximo governo e em relação à geração mais jovem de partidos políticos", disse Emmanuel Macron.
"Num país onde mais de 60% da população tem menos de 35 anos, seria bom que o próximo Presidente tivesse menos de 70 anos", acrescentou.
O chefe de Estado francês também acredita que o antigo líder rebelde e ex-primeiro-ministro da Costa do Marfim Guillaume Soro, que apelou à insurreição, "não tem de criar desordem".
"Penso que já não está em França para falar sobre o assunto. Não queremos que ele realize ações de desestabilização a partir de solo francês", sublinhou Macron.