Em comunicado, Josep Borrell considera que a Etiópia está "a enfrentar um período desafiante", mas expressa "grande preocupação em relação ao aumento da violência étnica, várias vítimas e violações dos direitos humanos e da lei internacional humanitária".
O conflito em território etíope "está a destabilizar seriamente a região", analisa o responsável pela diplomacia europeia.
Borrell reuniu na terça-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, Demeke Mekonnen, onde discutiram a "deterioração da situação humanitária no país", razão pela qual é necessário intensificar os esforços para a "proteção de civis".
A mensagem da UE "é clara": todas as fações envolvidas no conflito têm de trabalhar no sentido de permitir "as condições que facilitarão o acesso desimpedido a pessoas em necessidade, a cessação das hostilidades, a não interferência de qualquer parte exterior, e a liberdade da comunicação social".
Na sexta-feira, Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul, que ocupa atualmente a presidência rotativa da União Africana, anunciou, em comunicado, que os antigos presidentes de Moçambique, Joaquim Chissano, da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, e da África do Sul, Kgalema Motlanthe, serão enviados à Etiópia para tentar concretizar a mediação do conflito.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, lançou em 04 de novembro uma operação militar na região de Tigray, após meses de tensão crescente com as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês).
Desde então, a região tem sido palco de ofensivas militares por ambas as partes, com o disparo de foguetes e de incursões para a captura de cidades.
Estima-se que mais de 40 mil pessoas tenham abandonado a região em direção ao Sudão.
Na passada sexta-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontou que cerca de 2,3 milhões de crianças necessitam de ajuda humanitária em Tigray.
Segundo o representante especial da Unicef no Sudão, Abdullah Fadil, as crianças e jovens até aos 18 anos representam cerca de 45% dos refugiados que têm fugido nos últimos dias da Etiópia para o Sudão.
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