Sem mencionar especificamente nenhum Estado, Guterres alertou que quando alguns países decidem seguir um caminho próprio, o vírus espalha-se em todas as direções.
O responsável das Nações Unidas falava na abertura de uma sessão extraordinária da Assembleia Geral para tratar da resposta à pandemia, na qual se espera que quase uma centena de líderes internacionais intervenham com mensagens de vídeo ao longo do dia.
Guterres referiu ainda que, embora "a covid-19 não discrimine ninguém", os esforços para a prevenir e para a conter fazem-no.
"Por isso, a pandemia atingiu com mais força os mais pobres e vulneráveis ??das nossas sociedades. Está a ter um impacto devastador sobre os idosos, as mulheres e as meninas, as comunidades mais pobres, os marginalizados e os isolados", denunciou.
Por outro lado, o diplomata português saudou o facto de existirem vacinas, admitindo que parecem estar muito perto de poderem começar a ser utilizadas, mas avisou que as imunizações não vão acabar com os danos causados pelo coronavírus, que se farão sentir durante anos e mesmo décadas.
Entre os danos que virão, destacou o aumento da pobreza, a ameaça da fome e a maior recessão global em décadas, problemas que "não são apenas resultado da covid-19, mas também de fragilidades que a pandemia expôs".
Por isso, Guterres defendeu, mais uma vez, ser altura de promover uma grande mudança no mundo, aproveitando a recuperação que se avizinha para criar economias mais sustentáveis, justas e verdes.
No plano da saúde, o responsável da ONU sublinhou que a resposta coordenada liderada pela OMS visa conter o vírus, reduzir a mortalidade e desenvolver vacinas e tratamentos que estejam ao alcance de todos.
Nesse sentido, pediu apoio para a plataforma Covax, mecanismo promovido, entre outras entidades, pela OMS para facilitar o acesso às vacinas à população de todo o mundo.
A sessão extraordinária da Assembleia Geral da ONU sobre a pandemia acontece hoje e na sexta-feira, quando falarão autoridades de diferentes organismos internacionais e especialistas no desenvolvimento de vacinas.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.495.205 mortos resultantes de mais de 64,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (273.847) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de 13,9 milhões).
Seguem-se, em número de mortos, o Brasil (174.515 mortos, mais de 6,4 milhões de casos), a Índia (138.648 mortos, mais de 9,5 milhões de infetados), o México (107.565 mortos, mais de 1,1 milhões infetados) e o Reino Unido (60.113 mortos, mais de 1,6 milhões de casos).
A Rússia, com mais de 2,3 milhões de casos e 41.607 mortos, é o quarto país do mundo em número de infetados, depois de EUA, Índia e Brasil, seguindo-se a França (mais de 2,2 milhões de casos e 53.816 mortos), a Espanha (mais de 1,6 milhões de casos, 45.784 mortos) e o Reino Unido (mais de 1,6 milhões de casos, 58.448 mortos).
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