"news_bold">"O processo eleitoral na Venezuela foi organizado de forma mais responsável e transparente do que em alguns países que estão habituados a apresentar-se como um 'exemplo de democracia'", disse a diplomacia russa num comunicado, assegurando que "nenhuma violação grave" foi registada durante a votação.
A aliança de partidos que apoiam o Governo do Presidente venezuelano Nicolás Maduro venceu as eleições legislativas de domingo, com 67,6% dos votos, com 82,35% dos boletins contabilizados, anunciou hoje o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Mas o escrutínio de domingo ficou igualmente marcado por uma grande abstenção e pelo apelo ao boicote das forças da oposição venezuelana, que tem como principal figura Juan Guaidó (que se autoproclamou Presidente interino da Venezuela em janeiro de 2019).
A taxa de participação no ato eleitoral foi de 31%, segundo o CNE.
"Partimos do princípio de que a nova Assembleia Nacional será a base (...) para um diálogo construtivo entre todas as forças políticas" e que irá ajudar a "superar as divergências que existem na sociedade venezuelana por meio de negociações", acrescentou a nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
As declarações de Moscovo contrastam com várias posições internacionais que foram também hoje conhecidas em relação ao ato eleitoral que decorreu no domingo para eleger os 277 deputados (mais 110 do que os eleitos nas legislativas de 06 de dezembro de 2015) que passam a compor a Assembleia Nacional (parlamento venezuelano).
Por exemplo, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse hoje que a União Europeia (UE) não reconhece os resultados das eleições venezuelanas de domingo por terem violado as regras internacionais e democráticas, e apelou a uma solução política urgente.
Também os Estados Unidos frisaram que vão "continuar a reconhecer" o opositor Juan Guaidó como "Presidente interino" da Venezuela, acusando Maduro de se aproveitar de uma "segunda eleição roubada".
"Os Estados Unidos vão continuar a reconhecer o Presidente interino Guaidó e a legítima Assembleia Nacional. Instamos todos os países comprometidos com a democracia a unirem-se na nossa condenação à farsa de 06 de dezembro e a apoiaram a legítima Assembleia Nacional e o Presidente interino Guaidó", afirmou Pompeo, classificando o escrutínio de domingo como "uma farsa política" que não "respeitou nenhum padrão mínimo de credibilidade" e "felizmente enganou apenas alguns" venezuelanos.
"Maduro manipulou descaradamente estas eleições a seu favor", acrescentou o representante norte-americano.
Aos olhos de Moscovo, um reconhecido aliado da Venezuela, "as declarações de não reconhecimento das eleições venezuelanas por parte de alguns governos (...) atestam a sua incapacidade de aceitar uma realidade objetiva e de respeitar a vontade expressa por milhões de cidadãos venezuelanos".
A Assembleia Nacional é o único órgão que é controlado pela oposição venezuelana desde 2015.