Um advogado russo foi condenado, esta quinta-feira, a sete anos de prisão por se ter manifestado contra a guerra na Ucrânia nas redes sociais. Segundo a agência de notícias The Associated Press (AP), trata-se de Dmitry Talantov, que chegou a presidir uma associação regional de advogados na república russa de Udmurtia.
O advogado, de 63 anos, foi detido em junho de 2022, poucos meses após o início da invasão russa da Ucrânia, e foi acusado de incitar ao ódio e de "divulgar informações falsas" sobre o exército, denunciou a organização não-governamental (ONG) russa OVD-Info.
Numa carta escrita a partir da prisão e enviada à OVD-Info, o advogado negou as acusações e afirmou que "não podia continuar em silêncio" quando viu uma "fotografia de uma mulher ucraniana mutilada":
"Uma vez, olhei para a fotografia de uma mulher ucraniana mutilada e decidi que não podia continuar em silêncio. Mas continuei a ser advogado. Publiquei a minha opinião de uma forma que não viola a lei formalista. E sabem que mais? Não é problema meu que um ato normal seja visto por alguém como um crime", escreveu.
Sublinhe-se que, desde o início da ofensiva russa contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, multiplicaram-se na Rússia casos de espionagem, traição, terrorismo ou sabotagem contra opositores, com penas muito pesadas pronunciadas pelos tribunais.
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