Equipa escolhida por Biden quer mais intervenção federal na pandemia

As escolhas do presidente eleito Joe Biden (EUA) para a sua equipa de saúde apontam para um papel federal mais forte na estratégia anti-covid-19, virada sobretudo para a ciência e distribuição equitativa de vacinas e tratamentos.

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Lusa
08/12/2020 06:38 ‧ 08/12/2020 por Lusa

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Covid-19

 

Segundo adianta hoje a agência noticiosa AP, com o anúncio de segunda-feira do procurador-geral da Califórnia, Xavier Becerra, como secretário de saúde e meia dúzia de outras nomeações importantes, Biden pretende deixar para trás os "dramas de personalidade" que às vezes ocorriam com o presidente cessante Donald Trump.

Biden, de acordo com especialistas em saúde pública, espera implementar uma resposta federal assente numa abordagem mais metódica, procurando resultados através do conhecimento científico e de forma "transparente e disciplinada".

"Teremos ainda uma parceria federal, estadual e local", comentou Georges Benjamin, diretor executivo da Associação de Saúde Pública norte-americana, uma organização sem fins lucrativos.

"Acho que haverá uma melhor orientação do governo federal e eles vão trabalhar de forma mais colaborativa com os estados", acentuou.

Segundo alguns analistas do setor da saúde, Biden formou uma equipa, mas acima de tudo uma "seleção de jogadores convocados para posições-chave".

Alguns deles já trabalham juntos como membros do conselho consultivo do coronavírus de Biden. Outros terão que se preparar rapidamente, relata ainda a AP.

Ao anunciar a maioria das posições-chave num único momento, Biden terá pretendido sinalizar que espera que os nomeados "trabalhem juntos, e não como senhores de seus próprios feudos burocráticos".

"Essas pessoas não se preocupam com o território", disse Drew Altman, diretor-executivo (CEO) da apartidária "Kaiser Family Foundation", um instituto ligado a informações e análises de saúde. Mas "cabe à administração [Biden] torná-la uma equipa eficaz", advertiu.

A escolha de Becerra como secretário de saúde e do empresário Jeff Zients como coordenador do coronavírus na Casa Branca aponta, no entender de analistas contactados pela AP, para um papel federal mais assertivo no combate ao coronavírus, já que, segundo os mesmos, sob o mandato de Donald Trump, os Estados às vezes "eram deixados para resolver as coisas sozinhos, como aconteceu quando a Casa Branca inicialmente convocou os Estados para testar todos os residentes de asilos sem fornecer uma infraestrutura".

Zients é conhecido por resgatar programas de saúde como o site "Obamacare HealthCare" e Becerra tem experiência à frente do gabinete do procurador-geral da Califórnia, que é maior do que alguns governos estaduais.

A ex-secretária de Saúde e Serviços Humanos Kathleen Sebelius conheceu aqueles dois novos responsáveis durante a administração Obama e diz que não os "vê a trabalhar com propósitos contrários".

Na perspetiva de Katheleen Sebelius, os governadores republicanos e democratas "estão ansiosos para finalmente ter um parceiro federal", após se terem sentido "não apenas por conta própria, mas confusos sobre o que estava sendo decidido pela Casa Branca".

A escolha de Biden da especialista em doenças infecciosas Rochelle Walensky para chefiar os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, a elevação de Anthony Fauci a consultor médico e o retorno de Vivek Murthy como cirurgião geral estão a ser interpretadas na comunidade médica como uma restauração do papel tradicionalmente importante da ciência nas emergências de saúde pública, indica ainda a AP.

"Isso significa que o plano de resposta será baseado na ciência da saúde", considerou Nadine Gracia, vice-presidente executiva do "Trust for America's Health", uma organização sem fins lucrativos que trabalha para promover a saúde pública.

Ainda mais do que a nomeação de um político latino (Becerra) para secretário de saúde, a escolha de Biden de Marcella Nunez-Smith, da Universidade de Yale, para a equipa, está a ser vista como um sinal de que o governo Biden tudo fará para que haja uma distribuição equitativa de vacinas e tratamentos entre minorias raciais e étnicas, que sofreram um número desproporcionalmente alto de mortes por covid-19.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (282.231) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de 14,7 milhões).

 

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