A informação foi avançada à agência noticiosa France-Presse (AFP).
O juiz Fadi Sawan, encarregue do inquérito à explosão, acusou de negligência Hassan Diab e o ex-ministro das Finanças Ali Hassan Khalil, assim como os ex-ministros das Obras Públicas e dos Transportes Ghazi Zeiter e Youssef Fenianos, escreveu, entretanto, a agência Associated Press (AP).
São os primeiros responsáveis políticos a serem indiciados no âmbito do inquérito à explosão.
Os quatro são acusados de "negligência e de terem causado mortes", de acordo com a fonte citada pela AFP.
Fortemente pressionado com a contestação nas ruas, Hassan Diab demitiu-se do cargo alguns dias após a explosão, que causou mais de 200 mortos, mas continua em funções, a cumprir atos de gestão corrente, até à formação de um novo Governo do Líbano.
A tragédia no porto da capital libanesa ocorreu em 04 de agosto, quando 2.750 toneladas de nitrato de amónio explodiram na sequência da deflagração de um incêndio num armazém.
A par das vítimas mortais, a explosão provocou cerca de 6.500 feridos e várias centenas de desalojados ao destruir bairros inteiros da capital libanesa.
As toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas no local há vários anos sem qualquer medida de precaução.
As explosões de 04 de agosto deixaram um rasto de destruição na capital libanesa, provocando danos estimados em milhares de milhões de dólares.
Nesse dia, algumas horas após a explosão, Hassan Diab denunciou o armazenamento de tal carga.
"É inaceitável que um carregamento de nitrato de amónio esteja há seis anos num depósito, sem medidas de precaução", disse então Hassan Diab.
O nitrato de amónio é um dos fertilizantes mais utilizados no setor da agricultura. Por si só, não é explosivo, mas é potencialmente perigoso quando entra em contacto com outros combustíveis ou com fontes de calor.
A decisão do juiz Fadi Sawan foi tomada depois do inquérito "ter confirmado que (os acusados) receberam diversos relatórios escritos advertindo-os contra qualquer atraso na eliminação do nitrato de amónio", disse a fonte judicial.
"Não tomaram as medidas necessárias para evitar a explosão devastadora e os enormes danos", acrescentou a fonte citada pela AFP.
Um mês depois da explosão, o Exército libanês anunciou a descoberta, em setembro, de mais de quatro toneladas de nitrato de amónio junto ao porto de Beirute.
Mas esta não foi a primeira descoberta deste tipo.
Em 24 de agosto, o Exército libanês indicou que tinham sido detetados 79 contentores com material potencialmente perigoso, que estavam armazenados ilegalmente no porto de Beirute.
As autoridades libanesas anunciaram a detenção de um total de 25 pessoas, a maioria das quais funcionários portuários e aduaneiros, no âmbito da investigação à explosão.