A OIT realizou o primeiro relatório exaustivo sobre os salários dos trabalhadores migrantes, que compara as qualificações e a instrução de migrantes e autóctones e o respetivo valor por hora de trabalho, níveis salariais e tipos de trabalho ou atividade.
O relatório "Disparidades salariais dos migrantes: análise das diferenças salariais entre os migrantes e os cidadãos dos países de acolhimento" tem também os primeiros indicadores relativos aos efeitos da pandemia de covid-19 nos trabalhadores migrantes.
Desde que foi detetada, no final de dezembro, na China, a covid-19 provocou mais de 1,6 milhões de mortos em todo o mundo.
Analisada a situação em 49 países, entre os quais Portugal, a OIT realça que a pandemia de covid-19 agravou "a discriminação e exclusão" dos trabalhadores migrantes.
"A pandemia teve repercussões maiores nos trabalhadores migrantes do que no resto da população ativa", consta a organização, detalhando vários cenários.
Um primeiro forçou "dezenas de milhões de trabalhadores migrantes a regressarem às origens, após perderem o emprego".
Em segundo lugar, o trabalho que estes trabalhadores desempenham "é menos propício a fazer-se à distância".
E, por último, muitos destes trabalhadores estiveram -- e continuam a estar -- "na linha da frente dos mais expostos ao vírus".
Assim, e frisando que ainda se desconhece o real impacto que a crise sanitária vai ter no futuro, a OIT estima que a pandemia "poderá acentuar as diferenças entre trabalhadores migrantes e cidadãos dos países de acolhimento no mercado laboral, o que, por sua vez, poderá ampliar ainda mais o fosso salarial dos migrantes".
Nos 49 países analisados, 27 por cento dos migrantes têm contratos a termo e 15 por cento trabalham a tempo parcial.
Os migrantes estão também presentes, de forma desproporcionada, no setor primário, em particular na agricultura, pescas e silvicultura, e trabalham mais do que os nativos no setor secundário, em particular nas minas e extração de minerais, na produção, na construção e na eletricidade, gás e água.