Conselho da ONU. Há três problemas na distribuição global de vacinas

O Conselho Económico e Social das Nações Unidas identificou hoje os acordos para a compra prioritária de vacinas em países ricos, a propriedade intelectual e a fraqueza das cadeias de abastecimento como problemas principais no combate à covid-19.

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Lusa
16/12/2020 18:13 ‧ 16/12/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

Munir Akram, representante permanente do Paquistão junto da ONU e presidente do ECOSOC disse hoje, numa conferência virtual, que a distribuição igual em todo o mundo das vacinas de covid-19 enfrenta três problemas principais.

O primeiro problema identificado pelo presidente do ECOSOC foi a assinatura de acordos e ordens executivas em alguns países para a compra antecipada de vacinas e distribuição prioritária apenas a algumas nacionalidades, o que, segundo Munir Akram, vai contra a solidariedade e os princípios de desenvolvimento sustentável.

Os Estados Unidos da América e a Rússia são exemplos de países onde tais acordos foram assinados e que o embaixador paquistanês sublinhou que serão "contribuidores importantes" na distribuição de vacinas se prestarem ajudas internacionais.

O presidente do ECOSOC revelou expectativas quanto às novas políticas e "expressão de solidariedade" que os Estados Unidos irão adotar no próximo ano, quando a presidência de Donald Trump termina e começa o mandato do democrata Joe Biden.

O mundo terá de lutar contra "tendências de possessão nacionalistas" sobre as vacinas, defendeu o presidente do ECOSOC.

Em segundo lugar, Munir Akram destacou que pode haver "constrangimentos" na distribuição global de vacinas por causa de possíveis patentes de "propriedade intelectual" sobre a preparação química que confere imunidade contra a doença de covid-19, o que pode ameaçar a distribuição das vacinas à escala global.

Por último, os países em desenvolvimento poderão encontrar grandes desafios devido à fraqueza das cadeias de abastecimento para locais com poucas infraestruturas e que não têm produção de vacinas, declarou Munir Akram.

"É dolorosamente óbvio que os mais pobres foram os mais afetados", afirmou o representante do Paquistão.

O presidente do ECOSOC destacou a colaboração global na iniciativa ACT Accelerator para a aceleração de desenvolvimento, produção e acessibilidade dos diagnósticos, terapias e vacinas na luta contra a doença de covid-19 e da COVAX, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde.

O presidente do ECOSOC defendeu que a COVAX e a ACT Accelerator merecem mais apoios e investimentos, por representarem transparência na produção das vacinas à escala global.

Questionado pela agência Lusa, Munir Akram disse que os objetivos de desenvolvimento sustentável não podem existir sem cooperação internacional e solidariedade.

"Fica por ver quanta solidariedade haverá e, como disse, a distribuição de vacinas será um teste gigante à solidariedade", declarou Munir Akram, lembrando que os países vão ser observados na maneira como cumprem os compromissos adotados.

Os fóruns do ECOSOC são abertos à participação de Estados que não são membros, lembrou o representante paquistanês, respondendo ao facto de apenas dois países de língua oficial portuguesa, Angola e Brasil, serem membros atuais deste conselho das Nações Unidas.

O Fórum Político de Alto Nível, organizado pelo ECOSOC, onde se adotam declarações ministeriais, têm a participação de líderes de todos os países, acrescentou Munir Akram, assim como as feiras de investimento promovidas também têm mecanismos para a participação de diferentes países, representantes da sociedade civil e do setor privado.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.636.687 mortos resultantes de mais de 73,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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