"Há uma vontade de paz de ambos os lados", disse o novo ministro da Reconciliação Nacional Kouadio Konan Bertin no final da reunião sob a égide do primeiro-ministro Hamed Bakayoko, quase dois meses depois das eleições presidenciais de 31 de outubro, no contexto das quais 85 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas entre agosto e novembro.
Kouadio Konan Bertin Bertin, que era candidato presidencial, foi o único da oposição que não boicotou a votação, que foi ganha na primeira volta pelo Presidente Alassane Ouattara, reeleito para um controverso terceiro mandato.
Na sua tomada de posse em 14 de dezembro, Ouattara apelou para o reatamento do diálogo político para pôr fim à crise, reforçando um apelo semelhante do principal líder da oposição, o antigo chefe de Estado Henri Konan Bédié, alguns dias antes.
Os dois homens tinham-se encontrado em 11 de novembro, aliviando subitamente as tensões, mas Bédié anunciou a "suspensão" do diálogo em 20 de novembro.
Durante a reunião de segunda-feira, "o problema da Comissão Eleitoral Independente", que a oposição considera subserviente ao governo e cuja reforma exige, foi discutido tendo em vista as eleições legislativas a realizar no primeiro trimestre de 2021, disse à AFP Georges-Armand Ouegnin, presidente da plataforma político-sindical "Juntos pela democracia e soberania", próxima do ex-Presidente Laurent Gbagbo.
"Penso que durante as discussões todos os problemas serão abordados, queremos discutir, mas num ambiente de paz", salientou Ouegnin, citando as questões da libertação dos "presos políticos" e do regresso dos "exilados", incluindo Laurent Gbagbo, que anunciou o seu regresso iminente à Costa do Marfim.
Vários líderes da oposição, incluindo o seu porta-voz, o antigo primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan, estão a ser processados e detidos após terem proclamado um regime "transitório" para substituir o Presidente Ouattara, cuja reeleição não tinham reconhecido.
Henri Konan Bédié anunciou o fim deste "Conselho Nacional de Transição" em 09 de dezembro, enquanto apelava ao diálogo.
"Depois destas últimas semanas de tensão, este diálogo mostra que os marfinenses não precisam da arbitragem da comunidade internacional", disse Adama Bictogo, número dois do partido no poder, na expetativa de conversações rápidas que deverão ser concluídas até ao final do ano.