Na semana passada, o Governo da Nigéria tinha forçado as empresas de telecomunicações a suspender os cartões SIM [chip] dos utilizadores que não apresentassem cartão de identidade nacional, obrigando desta forma os 200 milhões de nigerianos a registarem-se.
Em comunicado divulgado hoje, citado pela agência AFP, o Governo determinou que os nigerianos terão "mais três semanas, até 19 de janeiro" para obter o cartão de identificação nacional.
A Comissão Nigeriana de Comunicações estima que apenas 41,5 milhões de nigerianos têm cartões de identidade entre os quase 200 milhões de cartões SIM ativos no país com mais população de África.
O anúncio do Governo tinha provocado imensos protestos, principalmente através das redes sociais.
Hoje, foram divulgadas fotos de multidões em centros de registo civil, que causaram protestos devido às restrições de distanciamento social devido à segunda vaga do novo coronavírus que atinge aquele país.
A ameaça de suspender os números de telemóvel de milhões de utilizadores por parte do Governo pode perturbar ainda mais a economia nacional, que enfrenta já a segunda recessão em cinco anos, segundo alertaram alguns economistas.
Em 2015, a operadora sul-africana MTN foi acusada de não ter sido suficientemente vigilante para verificar a identidade de 5,1 milhões de assinantes seus.
O Governo, a pretexto da luta contra o grupo 'jihadista' Boko Haram, obrigou aquela empresa a pagar uma multa de 3,9 mil milhões de dólares [cerca de 3,1 mil milhões de euros], que seria depois reduzida para 1,5 mil milhões de dólares [1,2 mil milhões de euros] após vários anos de negociações.