Segundo a Presidência francesa, durante este intercâmbio com Faustin-Archange Touadéra, O chefe de Estado francês condenou "as tentativas de grupos armados e de certos líderes políticos, incluindo [o ex-presidente] François Bozizé, de obstruir a implementação dos acordos de paz e a realização de eleições presidenciais e legislativas" agendadas para domingo.
O Eliseu recordou também "o empenho constante da França, juntamente com as autoridades da República Centro-Africana e o povo da República Centro-Africana, em contribuir para os esforços de estabilização do país".
Grupos armados, que ocupam mais de dois terços do país, lançaram uma ofensiva, a poucos dias das eleições presidenciais de domingo, nas quais o favorito é Touadéra.
A candidatura de Bozizé, que foi destituído num golpe de Estado em 2013, foi invalidada.
A Presidência francesa declarou que "a pedido do Presidente Touadéra, e de acordo com a Minusca" (força das Nações Unidas), Emmanuel Macron "ordenou a condução de uma missão de sobrevoo do território da República Centro-Africana por aviões de combate".
"Esta missão teve lugar no mesmo dia e marca a condenação pela França das tentativas de desestabilização do país", acrescentou, sem mais pormenores.
Macron e Touadéra também "saudaram e expressaram o seu apoio aos elementos da Minusca, que, juntamente com as forças armadas da República Centro-Africana, tornaram possível dar uma resposta firme às tentativas de desestabilização do país".
A coligação de grupos armados rebeldes que tem liderado os ataques nos últimos dias declarou hoje um cessar-fogo no país, exigindo a suspensão das eleições presidenciais e legislativas de domingo.
A França tem cerca de 300 soldados na República Centro-Africana, que realizam atividades de formação para as forças armadas nacionais e prestam apoio, se necessário, aos cerca de 11.500 militares na missão da ONU no país.
Em dezembro de 2013, após o golpe de Estado contra o Presidente Bozizé e o conflito que se seguiu, Paris enviou mais de mil soldados no âmbito da Operação Sangaris, sob um mandato da ONU, para restaurar a segurança. A Sangaris, que contava até 1.600 homens, permaneceu no local até 2016.
O Presidente Touadéra recebeu nos últimos dias reforços militares do Ruanda e da Rússia, que anunciou na terça-feira que tinha enviado 300 instrutores militares adicionais.
Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a missão da ONU no país (Minusca) e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.