Irão inicia processo de produção de urânio enriquecido a 20%

O Irão iniciou o processo de produção de urânio enriquecido a 20% na central nuclear subterrânea de Fordo, bem acima do limite estabelecido pelo acordo internacional de 2015, divulgou hoje a televisão iraniana, citando o porta-voz do governo.

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Lusa
04/01/2021 12:07 ‧ 04/01/2021 por Lusa

Mundo

Irão

"O processo de produção de urânio enriquecido a 20% começou no complexo de Shahid Alimohammadi (Fordo)", localizado 180 quilómetros a sul de Teerão, disse o porta-voz do Governo iraniano, Ali Rabii, citado no portal da internet da televisão estatal iraniana.

Numa carta datada de 31 de dezembro, o Irão tinha informado a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) do seu desejo de produzir urânio enriquecido a 20%.

De acordo com o último relatório disponível da agência da ONU, publicado em novembro, Teerão enriqueceu urânio com um grau de pureza superior ao limite previsto no acordo de 2015 (3,67%), mas não havia ultrapassado o limite de 4,5%, e ainda cumpria o regime de fiscalização muito rigoroso da Agência.

Entretanto, todo este processo tem sofrido muita turbulência desde o assassínio, no final de novembro, do físico nuclear iraniano Mohsen Fakhrizadeh.

Na sequência deste ataque atribuído pelo Irão a Israel, o parlamento iraniano aprovou uma lei polémica que pede a produção e armazenamento de "pelo menos 120 quilos por ano de urânio enriquecido a 20%" e o "fim" das inspeções da AIEA, que tem como objetivo verificar se o país pretende adquirir a bomba atómica.

O Governo iraniano opôs-se a esta iniciativa, que foi denunciada pelos demais signatários do acordo de 2015 e que em dezembro haviam apelado a Teerão para não "comprometer o futuro".

A partir de maio de 2019, o Irão já tinha começado a libertar-se dos principais compromissos assumidos no acordo de Viena de limitar o seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções internacionais contra o país.

Esse desvincular dos compromissos começou um ano após a retirada unilateral dos Estados Unidos, seguida pela reintrodução de pesadas sanções norte-americanas que privaram o Irão das esperadas consequências do acordo.

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