"Houve acordo e esforços de colaboração feitos entre a África do Sul e as autoridades moçambicanas para que os testes de antigénios do porto de entrada de Moçambique sejam aceites com condições e medidas especificadas para proteger a segurança do público e salvaguardar a autenticidade", adiantou à Lusa o porta-voz ministerial Popo Maja.
O acordo, com efeito imediato, foi alcançado na tarde de quinta-feira entre o ministro do Interior da África do Sul, Aaron Motsoaledi e o seu homólogo moçambicano, em articulação com os ministros da Saúde, referiu a mesma fonte, após uma semana de filas de espera com vários quilómetros na principal fronteira entre os dois países devido à aplicação de protocolos de contenção da covid-19.
Além da isenção do teste rápido de antigénio à covid-19, os camionistas e os seus co-condutores estarão também isentos do teste PCR à covid-19 imposto pelas autoridades moçambicanas, explicou por seu lado à Lusa uma fonte do setor da camionagem sul-africana.
A isenção não se aplica a outros passageiros em veículos pesados, que os camionistas não estão autorizados a transportar, pois serão testados à covid-19 pelas autoridades, referiu.
Os transportadores sul-africanos queixaram-se na sexta-feira das regras na fronteira com Moçambique salientando que o impacto económico em termos de perda de receitas para o setor dos transportes ascende a 33 milhões de rands (1,7 milhões de euros) por dia, disse à Lusa Mike Fitzmaurice, presidente da Federação das Associação de Transportes Rodoviários da África Austral e Oriental, (Fesarta, sigla em inglês).
As autoridades moçambicanas passaram a recusar a entrada a motoristas com testes de antigénio à covid-19 válidos, insistindo também em testes PCR negativos até 72 horas como na África do Sul, frisou.
De acordo com o dirigente dos transitários da África Austral e Oriental, as regras de covid-19 introduzidas pelas autoridades da Saúde da África do Sul, que exige a apresentação de um teste PCR à covid-19 negativo válido até 72 horas antes da entrada no país, ou a realização de um teste de antigénio por 170 rands (9 euros) na fronteira, foi uma das principais razões pelo 'congestionamento' na principal fronteira entre os dois países.
"Devido ao baixo custo do teste de antigénio no lado sul-africano da fronteira, a maioria dos viajantes optou por não fazer o teste PCR, que é mais caro em Maputo, cerca de 5.000 meticais ou 1.000 rands [53,34 euros], o que causou um congestionamento massivo na fronteira e os funcionários da saúde ficaram sobrecarregados e esta foi a causa direta do congestionamento no lado de Moçambique", adiantou à Lusa.
O porta-voz ministerial da Saúde sul-africano explicou também à Lusa que, em caso de o teste à covid-19 se revelar positivo na fronteira, o viajante ficará de imediato em quarentena dependendo da sua nacionalidade.
"Se for sul-africano ficará em quarentena, se for moçambicano será recusado e entregue às Autoridades Sanitárias Portuárias", referiu Popo Maja.
A África do Sul regista o maior número de infeções por covid-19 no continente com 1.192.570 casos reportados desde março.
As autoridades Saúde sul-africanas contabilizaram nas últimas vinte e quatro horas 616 óbitos, o que eleva para 32.425 o número total de mortes devido ao novo coronavírus.
O país já realizou mais de sete milhões de testes à covid-19 desde março, registando atualmente 947.919 recuperados e 212.226 casos ativos, o que representa uma taxa de recuperação de 79,5%, segundo as autoridades da saúde sul-africanas.
Moçambique registou sexta-feira 521 novos casos, um novo recorde de infeções diárias pelo novo coronavírus, num dia em que mais cinco pessoas morreram devido à covid-19, indicou o Ministério da Saúde do país vizinho.
Com os 521 novos casos, Moçambique contabiliza um total de 20.482 casos positivos de covid-19, tendo também elevado o número de óbitos para 181, segundo as autoridades moçambicanas.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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