No decurso de uma visita de 24 horas a Lisboa, que culminou num encontro com o seu homólogo António Costa, seguida de conferência de imprensa conjunta, o primeiro-ministro grego, também líder da Nova Democracia (ND, conservador e com maioria no parlamento helénico), defendeu uma rápida disponibilização dos fundos europeus, na sequência dos efeitos económicos e sociais motivados pelo novo coronavírus.
"Passámos várias noites acordados em julho, o Conselho durou cinco dias, mas foi um grande êxito europeu, um grande passo em frente para que a União Europeia garanta aos Estados que necessitam empréstimos e subvenções", recordou, numa deslocação que coincide com a presidência semestral do Conselho Europeu que Portugal assume desde 01 de janeiro.
"Os recursos são muitos, nós temos 32 mil milhões de euros, Portugal tem um número que não é muito diferente na sua proporção, não quero que exista nenhum atraso no pagamento destes valores", prosseguiu Mitsotakis, que se exprimiu em grego, apesar de admitir que os desafios vão prevalecer.
"Não tem sido nem será fácil, existem alguns países atingidos pela segunda, mesmo terceira vaga da pandemia, e claro que gera dificuldades económicas, nem todos os países se movem à mesma velocidade", acrescentou.
O primeiro-ministro helénico fez questão de ressalvar o estatuto de "aliados naturais", de "países do Sul que passaram por uma crise económica muito difícil, com experiências semelhantes", e assegurou que não serão as diferenças ideológicas que comprometerão as relações entre Atenas e Lisboa.
"Podemos ter pontos de partida ideológicos diferentes, mas encontramo-nos no esforço para chegar a um caminho comum para reformas, e encontramo-nos também na eficácia (...) valorizamos a verdade e temos a mesma posição perante o populismo", sublinhou.
A situação pandémica também dominante nos dois países foi um dos temas no decurso da conferência de imprensa conjunta, com Mitsotakis a recordar que o seu Governo impôs um confinamento no Natal, mas hoje começa a abrir as escolas primárias e creches, e esperando que também possa abrir outros níveis de ensino.
O líder conservador grego pontuou o período entre abril e maio para um retrocesso significativo das infeções e chegar ao que se deseja, assinalando ainda que a Grécia terá "mais vacinas" do que as que necessita, e explicou: "pelo facto de termos conseguido comprar as vacinas a nível europeu e, portanto, será certamente um êxito europeu".
No entanto, o chefe do Governo grego admitiu que os dados da pandemia "estão sempre a mudar", e a necessidade de uma "constante readaptação" das estratégias.
"O caminho não será ao mesmo ritmo, e as comunidades não reagem ao mesmo ritmo. No início de janeiro decidimos impor um confinamento mais severo para nos reservarmos das consequências do período do Natal. Entretanto, os dados são encorajadores, os nossos peritos reúnem todas as semanas e decidem semana após semana", assinalou.
Na sua deslocação oficial a Lisboa, o primeiro-ministro grego começou por visitar esta manhã a Unidade de apoio às instalações centrais da Marinha, efetuou uma videochamada com a equipa da polícia marítima presente na ilha de Lesbos, no Mar Egeu, para de seguida percorrer a exposição estática dos meios empenhados em Lesbos.
Kyriakos Mitsotakis também visitou a Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA), antes de promover ao início da tarde as conversações com o seu homólogo António Costa e a respetiva conferência de imprensa conjunta.