A escolha foi hoje avançada pelo comité responsável pela organização da cerimónia (agendada para dia 20 de janeiro em Washington) que explicou, em declarações à agência norte-americana Associated Press (AP), que o tema "reflete o início de uma nova jornada nacional que restaura a alma da América, une o país e cria um caminho para um futuro mais brilhante".
Para reforçar este princípio de unidade nacional, o comité também anunciou que após ter sido oficialmente empossado como 46.º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden e a vice-Presidente eleita, Kamala Harris, e os respetivos cônjuges irão depositar uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido no Cemitério Nacional de Arlington.
A esse momento irão juntar-se três ex-Presidentes norte-americanos, Barack Obama (democrata), George W. Bush (republicano) e Bill Clinton (democrata), bem como as respetivas mulheres, segundo adiantou o comité.
Será um dos primeiros atos oficiais de Joe Biden como Presidente norte-americano e pretende ser uma demonstração de bipartidarismo (republicanos e democratas), num momento em que os EUA estão a vivenciar um clima de uma profunda divisão nacional.
O lema da união foi central na campanha eleitoral presidencial de Biden desde o início e, depois de ter garantido a vitória nas eleições de novembro passado, o político democrata encarou a unificação do país como uma das suas principais prioridades enquanto Presidente.
Mas esta meta acabou por ganhar mais peso, e uma urgência redobrada, perante os acontecimentos ocorridos na semana passada no Capitólio, sede do Congresso norte-americano (sede do poder legislativo norte-americano), na capital federal, Washington.
Na passada quarta-feira, apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump (republicano), entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, enquanto os membros do Congresso estavam reunidos para certificar a vitória de Biden nas eleições de novembro.
Cinco pessoas morreram na sequência dos incidentes violentos, que foram condenados internacionalmente por vários Governos e organizações.
Donald Trump já fez saber que não vai participar na cerimónia, atitude que Joe Biden classificou com "uma boa decisão".
Na mesma altura, Biden acrescentou que o vice-Presidente, Mike Pence, seria "bem-vindo".
Pence e a sua mulher já confirmaram que tencionam comparecer na cerimónia.
Devido à sua idade, 96 anos, o ex-Presidente Jimmy Carter (democrata) será outra ausência na cerimónia de 20 de janeiro.
"Esta cerimónia marca um novo capítulo para o povo americano, um capítulo de cura, de unificação, de união, de uma América unida", declarou o diretor-executivo do comité, Tony Allen.
"Chegou a hora de virar a página nesta era de divisão. As iniciativas associadas à cerimónia vão refletir os nossos valores comuns e vão servir para nos lembrar que somos mais fortes juntos do que separados", reforçou o responsável.
O comité divulgou que na zona do National Mall, área em Washington que abrange vários monumentos emblemáticos da capital federal e de onde é visível a cúpula do edifício do Capitólio, será colocada uma grande exposição de arte pública, que contará com 191.500 bandeiras dos EUA e 56 focos de luz, para representar todos os estados e territórios do país.
A cerimónia de tomada de posse de Joe Biden será obrigatoriamente condicionada pela atual pandemia da doença covid-19 e pelos consequentes constrangimentos.
A cada quatro anos, centenas de milhares de pessoas convergem para a capital federal para assistir ao evento, mas este ano o acesso será limitado devido à pandemia, que já matou só nos EUA mais de 370.000 pessoas.
A presidente da câmara de Washington, Muriel Bowser, exortou hoje os norte-americanos a não se deslocarem à capital federal para assistir à cerimónia, lembrando que poderão acompanhar o evento através da televisão e da Internet.
O habitual desfile e os tradicionais bailes associados à tomada de posse presidencial também serão adaptados face aos constrangimentos da pandemia e serão realizados num formato virtual.
Perante os incidentes violentos ocorridos na passada quarta-feira no Capitólio e a possibilidade de novas manifestações de apoiantes de Trump em Washington, o comité organizador está igualmente focado nas questões de segurança e está a ser planeada uma presença significativa de elementos das forças de segurança.
A estrutura onde deveria decorrer a cerimónia de tomada de posse foi vandalizada pelos milhares de manifestantes pró-Trump que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro.