Um toque de recolher durante as 24 horas do dia entrou em vigor até 25 de janeiro, depois de alguns hospitais terem começado a ficar sem camas para tratar doentes com covid-19.
Segundo as novas medidas, os libaneses não podem sair das suas casas durante o confinamento, nem mesmo para comprar comida ou fazer exercício, por exemplo, sendo que os supermercados estão abertos apenas para fazer entregas.
Nos últimos dias, os libaneses fizeram uma corrida aos supermercados e farmácias.
Poucas horas após o início do confinamento, os cidadãos já enfrentavam restrições em algumas áreas da capital e nos subúrbios, com ruas praticamente vazias, vendo-se apenas abertos os supermercados, mercearias e padarias.
Desde o final de dezembro que o Líbano regista uma disseminação exponencial do vírus, com recordes diários desde o aparecimento da pandemia, em fevereiro de 2020.
Nas salas de emergências dos hospitais, os doentes estão horas à espera para conseguir uma cama nos cuidados intensivos, enquanto alguns são mesmo forçados a esperar por tratamento em casa ou no carro.
O país, que conta seis milhões de habitantes, registou, até agora, 231.936 casos de covid-19, incluindo 1.740 mortes, e tem mantido os números elevados nos últimos dias, atingindo 5.440 novos casos na última sexta-feira.
Com as estradas de Beirute quase vazias e as lojas fechadas, os cibernautas partilharam, hoje de manhã, nas redes sociais, fotografias de engarrafamentos numa artéria da capital.
As autorizações para quem tem de deslocar-se - para ir ao médico ou ao aeroporto, por exemplo - são possíveis de obter através do envio de um SMS ou do preenchimento de um formulário online disponibilizado pelas autoridades.
Algumas exceções ao confinamento são também fornecidas para deslocações de profissionais de saúde, jornalistas e funcionários do setor de alimentos.
O atual surto do vírus deve-se, em grande parte, ao relaxamento das restrições durante os feriados, incluindo nos restaurantes, bares e discotecas, que puderam ficar abertos até as 03:00.
E essa expansão exponencial não poupou quase ninguém. Na quarta-feira, o ministro interino da Saúde, Hamad Hasan, foi hospitalizado por estar infetado com covid-19, segundo a imprensa oficial.
Alguns temem que as medidas rígidas agora em vigor agravem as condições de vida de famílias vulneráveis, já bastante precárias, num país que atravessa a pior crise económica das últimas décadas e onde metade da população vive abaixo do limiar da pobreza.
Diante da magnitude da dupla crise - económica e de saúde -, o Banco Mundial aprovou na terça-feira uma ajuda de emergência de cerca de 202 milhões de euros para ajudar 786.000 libaneses, embora não tenha explicado as modalidades e a data de desembolso desta ajuda.
Desde o outono de 2019 que o Líbano vive a sua pior crise económica e financeira das últimas décadas, agravada pela instabilidade política que persiste desde outubro de 2019 e pela pandemia, que já obrigou o país a declarar vários confinamentos desde março de 2020.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.