Didier Raoult, o médico francês que publicou estudos controversos que, na sua perspetiva, demonstravam a eficácia da hidroxicloroquina contra o novo coronavírus, admitiu, pela primeira vez, que o tratamento não reduz a mortalidade da Covid-19, seis meses depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter chegado à mesma conclusão.
Num relatório publicado a 4 de janeiro no Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia da França, a equipa de Didier Raoult, aquele que era o maior promotor do uso da hidroxicloroquina, admitiu que o fármaco não reduz a mortalidade da Covid-19.
Recorde-se que a OMS anunciou a suspensão do uso de hidroxicloroquina e de lopinavir/ritonavir no tratamento de pacientes hospitalizados com Covid-19 em julho do ano passado, por falta de evidências da redução da mortalidade de pacientes infetados.
Em abril do ano passado, três eminentes médicos franceses recomendaram a aplicação do tratamento elaborado por Didier Raoult, num artigo publicado na página digital do diário Le Figaro, propondo a utilização de hidroxicloroquina quando surgissem os primeiros sintomas de coronavírus.
O medicamento acabou por ser descrito como "uma dádiva do céu" pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (que inclusive a tomou quando esteve infetado), um sentimento ecoado pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
A US Food and Drug Administration (FDA, nome em inglês) dizia ser "improvável" que a hidroxicloroquina e a cloroquina fosse eficaz no tratamento do novo coronavírus. Citando relatos de complicações cardíacas, a FDA considera que os dois medicamentos constituem um risco maior para os pacientes infetados com Covid-19 do que quaisquer potenciais benefícios.
A hidroxicloroquina e a cloroquina, medicamentos para o tratamento da malária e também prescrita para o lúpus e para a artrite reumatoide, pode provocar problemas no ritmo cardíaco, ao baixar significativamente a pressão sanguínea, bem como danos musculares ou nervosos.
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