Vice brasileiro prevê relacionamento "pragmático e flexível" com EUA

O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, prevê uma relação "pragmática e flexível" entre o Governo do seu país e o novo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden.

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© Joshua Roberts/Getty Images

Lusa
20/01/2021 14:41 ‧ 20/01/2021 por Lusa

Mundo

Hamilton Mourão

"Temos de ajustar a nossa ligação, que até o presente momento foi muito feita em termos pessoais. Óbvio, a ligação pessoal é boa, mas não substitui de forma alguma as ligações institucionais que sempre houve entre os dois países", disse Mourão, referindo-se à estreita amizade entre o Presidente cessante norte-americano Donald Trump e o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, numa entrevista ao jornal Valor Económico.

"Nós temos de fazer com que essas ligações institucionais sejam dos entes públicos, do Itamaraty, do Ministério da Economia, mas também das instituições privadas, que têm os seus contactos com os americanos, de modo que a gente volte a ter um posicionamento bem pragmático e bem flexível em relação às políticas que vierem dos EUA", acrescentou.

O vice-presidente brasileiro minimizou, em parte, as disputas ideológicas entre Biden e Bolsonaro, que foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória do democrata na disputa eleitoral contra Trump, que buscava a sua reeleição.

"O resultado prático é que nós temos que ter uma forma de reabrir o canal diplomático, de maneira que um posicionamento político de determinado momento não significa um posicionamento 'ad eternum'. O que ficou para trás ficou para trás. Vamos zerar [recomeçar] e buscar avançar a partir daqui", defendeu Mourão.

Falando sobre a introdução da tecnologia 5G no Brasil, que acirrou a oposição comercial entre Estados Unidos e a China, Mourão indicou ainda não sabe se haverá mudanças com Biden "em termos de pressão" e, por isso, o Brasil vai esperar "seu posicionamento", porque "a guerra tecnológica não vai parar do dia para a noite".

"Na minha visão ela [a guerra tecnológica] não vai parar, mas existem outras formas de fluir, talvez com menos ações de impacto, mas nos bastidores vai continuar", frisou Mourão, ao ser questionado sobre a participação da empresa chinesa Huawei na lista de empresas fornecedoras de infraestrutura para as redes de 5G.

"A empresa que demonstrar com transparência e 'accountability' [responsabilidade] que respeita a nossa privacidade de dados não será excluída. Se a Huawei comprovar que está dentro desse pacote, eu não vejo como ela ser excluída", concluiu.

O democrata Joe Biden toma posse hoje como Presidente dos EUA, numa Washington deserta, por causa da pandemia do novo coronavírus, e invadida por 25 mil soldados, por causa da segurança.

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