No documento, a que a imprensa local teve acesso, os governadores pediram que seja "avaliada a possibilidade de estabelecer um diálogo diplomático", especialmente com China e Índia, visando "assegurar a continuidade do processo de imunização" no Brasil, que já soma mais de 212 mil mortes e 8,6 milhões de casos de covid-19.
"Os governadores dos entes federados brasileiros que assinam este expediente recorrem a Vossa Excelência a fim de tratar da crucial necessidade de manter o suprimento externo dos insumos [ingredientes]" para a produção de vacinas contra a covid-19 no Brasil, diz a missiva.
Ao todo, 15 lideranças estaduais assinaram o documento, entre elas João Doria, governador de São Paulo, o Estado mais rico e populoso do Brasil e responsável pela fabricação no país da Coronavac, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, através do Instituto Butantan.
O Brasil, que aprovou no domingo o uso de emergência da Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica da China Sinovac, e do imunizante desenvolvido pelo laboratório anglo-sueco AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, iniciou imediatamente o seu Plano Nacional de Imunização com seis milhões de doses da fórmula chinesa.
No entanto, a vacinação corre o risco de ser paralisada devido à falta de matéria-prima para a produção de mais doses, segundo alertou o Butantan, assim como pelo atraso na entrega de dois milhões de doses da vacina de Oxford pelo Governo da Índia.
Hoje, o diretor do Butantan, Dimas Covas, informou que a matéria-prima para a produção de mais doses "estava quase totalmente esgotada" e, durante uma conferência de imprensa em São Paulo, voltou a fazer um apelo público a Bolsonaro e ao ministro das Relações Exteriores, para acelerarem as negociações com os países exportadores.
"Peço ao nosso Presidente, ao nosso ministro das Relações Exteriores, que nos ajudem a estabelecer essa relação com a China e solicitem que os trâmites burocráticos para essa exportação sejam feitos no menor espaço de tempo", disse Covas.
A estatal Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção da vacina Oxford no Brasil, vive problema semelhante.
A instituição ainda aguarda um lote de dois milhões de doses do imunizante que foi produzido na Índia e cuja exportação ainda não foi autorizada pelo Governo do país.
Assim, a Fiocruz informou na terça-feira que atrasará a entrega das primeiras doses fabricadas no Brasil devido ao atraso do envio dos ingredientes necessários para a sua produção.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.058.226 mortos resultantes de mais de 96,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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