Durante o passado fim de semana a polícia esteve presente na zona com 150 prédios, em Jordan, Kowloon, uma das mais desfavorecidas e densamente povoadas da Região Administrativa Especial de Hong Hong onde ocorreram surtos da pandemia de SARS CoV-2.
Grupos de funcionários fizeram testes a sete mil habitantes sendo que 0,17% da população residente se encontra infetada pelo novo coronavírus.
Vários dirigentes políticos e empresários questionaram nos últimos dias a forma como o confinamento foi imposto mas as autoridades não descartam aplicar a mesma medidas mais vezes e noutras zonas do território.
"Não encaramos esta operação como um desperdício de mão-de-obra e de dinheiro", disse no domingo a ministra da Saúde do governo local, Sophia Chan.
Hong Kong encontra-se na "primeira linha da pandemia" visto que os primeiros casos de contágio com origem no centro da República Popular da China foram detetados na região, há mais de um ano.
Na ex-colónia britânica, totalizam-se cerca de 10 mil casos e 170 óbitos atribuídos ao novo coronavírus.
Há mais de um ano que os 7,5 milhões de habitantes de Hong Kong vivem ao ritmo de restrições e que afetam a situação económica do território.
Após quatro meses após o início da pandemia, o território de Hong Kong foi afetado "pela quarta vaga de infeções" tendo as autoridades promovido mais restrições.
Nas últimas semanas, os focos da pandemia surgiram nos bairros mais desfavorecidos de Hong Kong onde se verifica uma das taxas de densidade populacional mais elevada do mundo.
David Hui, especialista em doenças contagiosas aconselhou o governo a confinar o quarteirão de Kowloon (em território continental).
O especialista exortou as autoridades a agir o mais rapidamente possível para impedir os habitantes a disseminarem o covid-19 antes da entrada em vigor confinamento.
"O mais inquietante é saber que o vírus pode propagar-se para o exterior porque muitos moradores foram-se embora assim que souberam que ia ser decretado o confinamento do bairro", disse Hui.
As informações sobre a medida foram publicadas nos órgãos de comunicação social locais sendo que muitos habitantes saíram do bairro antes da chegada da polícia que impediu as pessoas de abandonarem os locais onde residem.
Benjamin Cowling, epidemiologista da Universidade de Hong Kong estimou hoje, em entrevista à cadeia de televisão RTHK, que o confinamento de certos bairros "têm um efeito limitado" porque o coronavírus está presente em todo o território.
O quarteirão que foi confinado em Kowloon é habitado por uma importante comunidade do sul do continente asiático que já criticou a forma como as autoridades lidaram com a situação, nomeadamente na distribuição de pacotes de alimentos que continham carne de porco a famílias muçulmanas.
Na semana passada, um alto responsável dos serviços sanitários de Hong Kong provocou acesas reações e fortes críticas por ter afirmado que os cidadãos das minorias étnicas podem propagar mais rapidamente o vírus porque "partilham comida, tabaco e bebidas e gostam de discutir juntos".
Várias pessoas responderam que a pobreza e a falta de casas a preços acessíveis obrigam as pessoas a viverem em espaços exíguos que favorecem a propagação do vírus - que não pode ser relacionada com questões étnicas e culturais.