Mourão explicou que essas mudanças no executivo poderão ocorrer após a eleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, que está agendada para a próxima segunda-feira e que pode levar a uma nova recomposição da base nas câmaras legislativas.
"Depois da eleição dos novos presidentes das duas casas do Congresso poderá ocorrer uma reorganização do Governo, para que seja acomodada a nova composição política que emergir desse processo. Talvez, com isso aí, alguns ministros sejam trocados, entre eles, o próprio Ministério das Relações Exteriores", disse Mourão em entrevista à Rádio Bandeirantes, referindo-se a Ernesto Araújo, que lidera a pasta da diplomacia desde que Bolsonaro assumiu o poder, em janeiro de 2019.
No entanto, o general Mourão esclareceu que não conversou com o Presidente sobre o assunto e destacou ainda que a decisão sobre qualquer mudança ministerial é "exclusivamente" de Bolsonaro.
A eventual exoneração de Araújo, diplomata de carreira, mas muito alinhado com a ideologia de extrema-direita de Bolsonaro, tem sido objeto das mais diversas conjeturas desde meados do ano passado, quando as suas posições ideológicas sobre a pandemia de covid-19 causaram conflitos diplomáticos com a China, o principal parceiro comercial do país.
Em diversas ocasiões, Araújo apelidou a covid-19 de "vírus chinês", chegou a chamá-lo de "comunavírus" e insinuou que as autoridades de Pequim haviam inicialmente ocultado a doença.
Também no ano passado, o ministro gerou polémica com o seu declarado apoio à frustrada reeleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, uma posição também demonstrada publicamente por Bolsonaro, que foi um dos últimos chefes de Estado a reconhecer a vitória de Joe Biden.
Da mesma forma, também apoiou as denúncias de fraude eleitoral que Trump lançou sem qualquer prova, o que levou vários setores parlamentares, mesmo aqueles ligados ao Governo, a considerar que Araújo deixou de ser um interlocutor adequado diante dos Estados Unidos.