Nas duas maiores cidades gregas, Atenas e Tessalónica, mais de quatro mil estudantes e professores - usando máscaras de proteção contra o novo coronavírus, mas rompendo a proibição de concentração de mais de 100 pessoas decretada pelo Governo, na terça-feira, para conter a pandemia de covid-19 -- manifestaram-se contra as reformas educacionais, que incluem planos para criar patrulhas policiais nos 'campus' universitários.
"Não aos polícias nas universidades", gritavam os estudantes, que também exigiram a reabertura dos estabelecimentos de ensino, que estão encerrados há vários meses, no âmbito das medidas de confinamento estabelecidas pelo Governo.
O Ministério da Educação grego elaborou um projeto de lei que prevê a criação de um corpo especial de polícia, destinado a garantir a segurança nos estabelecimentos de ensino superior, que têm sido frequentes vezes alvo de violência.
Contudo, estudantes e reitores contestam esta medida, alegando que contraria o estatuto de autonomia das universidades, segundo o qual a polícia apenas pode intervir nos 'campus' a pedido das reitorias.
A Universidade de Oxford, no Reino Unido, colocou uma mensagem na sua conta da rede social Twitter, apoiando "alunos, professores e cidadãos" contra a medida de criar um corpo policial nas universidades gregas.
Alguns sindicatos da polícia grega também pediram ao Governo para recuar na medida.
A presença da polícia nas universidades, tradicionalmente muito politizada, tem sido um assunto polémico na Grécia, desde a sangrenta repressão de 1973 por parte do exército e da polícia contra o movimento estudantil em Atenas, que protestava contra o regime militar da altura.
No poder há mais de um ano e meio, o Governo do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis fez da matéria de segurança uma prioridade e aumentou o quadro de funcionários da polícia.
A política de segurança do Governo, contudo, tem sido criticada pela oposição, que denuncia inúmeros casos de repressão policial e a proibição de manifestações públicas num contexto de medidas de contenção da pandemia de covid-19.
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