A informação foi confirmada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE), que admitiu a presença de "geosmina em níveis muito baixos, o que explica as alterações de gosto e odor, mas ainda assim atende aos parâmetros do Ministério da Saúde".
"A água distribuída no Rio de Janeiro encontra-se dentro dos padrões de potabilidade e consumo", acrescentou o órgão, após vários moradores se terem queixado da qualidade da água, que passou a apresentar um cheiro e sabor atípicos.
A geosmina é uma substância orgânica produzida quando existem muitas algas e bactérias na água e, segundo a Companhia, não causa danos à saúde, portanto, segundo a entidade, a água pode ser consumida.
"O aumento da dosagem de carvão ativado utilizado de forma contínua na entrada da estação atua na remoção da geosmina. A Cedae também monitoriza a quantidade e espécies de algas na lagoa e aplica a argila ionicamente modificada com o objetivo de diminuir a proliferação das algas no local", explicou a empresa, sobre o método utilizado para controlar a proliferação dessa substância.
A situação relatada esta semana por moradores do Rio de Janeiro surge cerca de um ano após uma outra crise de água potável na região, depois de ter sido encontrado detergente numa estação de tratamento de água da região, além de geosmina.
Na ocasião, os residentes recorreram às redes sociais para mostrar copos com água avermelhada ou acastanhada que saía das torneiras e chuveiros.
A situação levou a população a procurar abastecer-se junto à estátua do Cristo Redentor.
Como se fosse uma procissão, dezenas de pessoas passaram a deslocar-se diariamente dos lugares mais remotos da cidade para uma fonte natural perto da gigantesca escultura localizada no morro do Corcovado, para recolherem água potável, para substituir aquela que era oferecida pelo aqueduto municipal.
O professor Francisco Esteves, vice-diretor do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), classificou hoje a geosmina como "apenas um dos problemas" na bacia hidrográfica da região.
"A geosmina é uma das dezenas de produtos orgânicos que tem numa água poluída e ficou famosa na imprensa. No entanto, tem outras dezenas de compostos, até muito mais perigosos que geosmina, como restos de antibióticos, detergentes e outros produtos lançados que não são retirados do esgoto. Esse que é o problema. A geosmina é apenas um dos problemas", destacou o docente, citado pela rede Globo.