Alexei Navalny, líder da oposição russa, foi ontem condenado a dois anos e seis meses de prisão. O juiz determinou que o opositor russo violou a liberdade condicional por não ter comparecido junto das autoridades competentes no ano passado.
Quando a sentença estava a ser lida, Navalny apontou para a mulher Yulia, que se entrava na sala e fez um gesto com as mãos criando um coração. De seguida desenhou o mesmo símbolo no vidro que o separava do resto dos presentes no tribunal.
O momento foi registado em vídeo e gesto de amor e de esperança não passou despercebido na comunicação social internacional. Veja na galeria acima as imagens.
Navalny, recorde-se, foi detido, em 17 de janeiro, depois de regressar da Alemanha, onde esteve em convalescença, após um envenenamento que atribuiu ao Kremlin, apesar dos desmentidos das autoridades russas.
O ativista e crítico acérrimo do Kremlin denunciou recentemente a alegada corrupção do Presidente Vladimir Putin na construção de uma luxuosa mansão, um documentário com quase duas horas, publicado há duas semanas no canal de YouTube de Navalny.
Navalny, que é o mais proeminente líder opositor de Putin, tinha denunciado o processo como uma tentativa vã do Kremlin de assustar milhões de russos até à submissão.
A partir de uma cela em vidro no tribunal, Navalny atribuiu a sentença que conheceu hoje ao "medo e ódio" de Putin, alegando que o Presidente russo ficará na história como um "envenenador". "Eu ofendi-o profundamente, apenas por sobreviver à tentativa de assassínio que ele ordenou", disse Navalny.
"O objetivo desta audiência é assustar um grande número de pessoas. Mas ele não pode prender um país inteiro", acrescentou o líder oposicionista, quando conheceu a sentença, por ter violado a liberdade condicional a que estava sujeito.
O partido oposicionista de Alexei Navalny já apelou, através de mensagens na rede social Twitter, a uma nova manifestação contra a detenção e a sentença de prisão do líder, procurando mobilizar os milhares de manifestantes que nas últimas semanas protestaram contra o regime de Putin.
O serviço penitenciário da Rússia alega que Navalny violou as condições de liberdade condicional da sua pena suspensa de uma condenação por lavagem de dinheiro, conhecida em 2014, que o opositor rejeitou, alegando ter motivação política.
Navalny sublinhou que o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu que a sua condenação de 2014 era ilegal e a Rússia pagou-lhe mesmo uma indemnização, em linha com essa decisão judicial internacional.
Para se defender da acusação de violação da liberdade condicional, os advogados de Navalny argumentaram que a sua não comparência perante as autoridades se deveu ao facto de o líder político estar a recuperar-se de envenenamento na Alemanha.
Navalny também disse que os seus direitos foram violados grosseiramente durante a sua detenção e descreveu esse episódio como uma "paródia de justiça".
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