Myanmar. China bloqueia condenação de Conselho de Segurança da ONU

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se de emergência por iniciativa do Reino Unido para examinar as consequências do golpe militar em Myanmar.

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Sara Gouveia
03/02/2021 08:18 ‧ 03/02/2021 por Sara Gouveia

Mundo

Myanmar

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se, esta terça-feira, de emergência, por iniciativa do Reino Unido, para examinar as consequências do golpe militar em Myanmar (antiga Birmânia), mas a declaração conjunta de condenação acabou por ser bloqueada pela China, refere a BBC. O país tem poder de veto por ser um dos cinco membros permanentes do Conselho e já o tinha utilizado para exigir que a reunião fosse feita à porta fechada.

O exército prendeu na segunda-feira a chefe do governo civil de Myanmar, Aung San Suu Kyi, o presidente Win Myint e vários ministros e dirigentes do partido governamental, proclamando o estado de emergência e colocando no poder um grupo de generais.

Um dos projetos de texto em discussão não mencionava sanções, mas referia que o Conselho de Segurança manifestava a sua "profunda preocupação" e condenava "o golpe militar", apelando à "libertação imediata" dos detidos e exigindo o levantamento do estado de emergência decretado por um ano pelas forças armadas de Myanmar. A China tem alertado desde o golpe que as sanções ou pressões internacionais podem piorar as coisas no país, tendo desde há muito tempo desempenhado o papel de proteger o país do escrutínio internacional.

Durante a crise dos rohingya, em 2017, Pequim frustrou qualquer iniciativa do Conselho de Segurança, impedindo declarações conjuntas e até reuniões, dizendo acreditar que o conflito com a minoria muçulmana era um problema interno de Myanmar.

Sebastian Strangio, jornalista e editor especializado no sudeste asiático na revista The Diplomat, explicou à BBC que "a posição de Pequim sobre a situação é consistente com o seu ceticismo geral em relação à intervenção internacional", acrescentando que apesar de beneficiarem com a alienação de Myanmar do Oeste isso não quer dizer que estejam felizes com o golpe.

"Tinham um acordo muito bom com o NLD e investiram muito para criar um relacionamento com Aung San Suu Kyi. Com o regresso dos militares agora a China vai ter de lidar com a instituição em Myanmar que suspeita mais das suas intenções", referiu ainda.

Segundo o especialista em Myanmar da Universidade de Singapura, Elliott Prasse-Freeman, através desta política de bloqueio, a China "parece estar a dar sinal do seu apoio tácito ou enfático às ações dos generais" e a lidar com a situação "como se se tratasse de uma restruturação de governo".

O golpe militar está a ser condenado por vários países e organizações que consideram ilegal e ilegítima a declaração do estado de emergência, tendo sido pedida a intervenção do Conselho de Segurança da ONU.

Recorde-se que o exército de Myanmar declarou, na segunda-feira, o estado de emergência e assumiu o controlo do país durante um ano, após a detenção da chefe de facto do governo, Aung San Suu Kyi, do presidente do país, Win Myint, e de outros líderes governamentais.

Leia Também: Myanmar: Som de buzinas e panelas em protesto contra golpe militar

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