"A crise que atravessamos pode ser, estamos convictos, uma oportunidade para forjar um novo consenso a serviço de uma ordem internacional baseada no multilateralismo e no estado de direito através da cooperação efetiva, da solidariedade e da consulta", escreveram os líderes numa mensagem para o fórum do portal do Projeto Syndicate.
Entre os que assinam o texto estão o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Presidente de França, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o Presidente do Senegal, Macky Sall.
"Com esse espírito, estamos determinados a trabalhar em conjunto com as Nações Unidas, com as organizações regionais, os fóruns internacionais como o G7 e G20 e as coligações 'ad hoc' para enfrentar os desafios globais de hoje e de amanhã", referiram os líderes.
Os signatários do texto também louvaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo combate à pandemia, o Acordo de Paris contra o aquecimento global, a Organização Mundial do Comércio (OMC) por supervisionar a recuperação das economias atingidas pela crise, como outros órgãos e executivos de organizações internacionais cuja eficácia tem sido prejudicada nos últimos anos.
Abalado pelo crescente poder da China e pelo unilateralismo do ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, além de paralisado em muitos assuntos, o multilateralismo instaurado após a II Guerra Mundial está em péssimo estado, consideram os líderes signatários que desejam revigorá-lo, sustentando que este é uma vítima colateral da rivalidade entre a China e os Estados Unidos.
"O multilateralismo não é apenas uma técnica diplomática entre outras para enfrentar esses desafios. Ele configura uma ordem mundial, uma forma muito particular de organizar as relações internacionais, que se baseiam na cooperação, no estado de direito, na ação coletiva e nos princípios comuns. Em vez de se opor civilizações e valores entre si, devemos construir um multilateralismo mais unido", afirmaram os signatários.
Também preocupados com as ruturas digitais, a pobreza e as dívidas, os líderes "convidam" a "todas as figuras políticas, económicas, religiosas e intelectuais para contribuir com esta conversa global" para definir o "mundo depois da covid-19".
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2,2 milhões mortos resultantes de mais de 103,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.