"Alberto Fernández e António Costa abordaram questões comuns entre o Mercosul e a União Europeia, no contexto da presidência 'pro-tempore' que exercem dos respetivos blocos regionais. Passaram em revista o desenvolvimento do setor automóvel e concordaram em estabelecer uma agenda comum em torno da política ambiental", informou, em nota, o Governo argentino após uma videoconferência entre os dois chefes de Governo.
Algumas empresas portuguesas têm investimentos no setor automóvel argentino, mais especificamente na produção de autopeças, e os dois países acreditam que existe margem para ampliar o intercâmbio comercial bilateral a partir de novos investimentos nesse setor.
Quanto à agenda ambiental, Portugal e Argentina querem aproveitar a convergência mútua de visões nessa matéria para, de forma coordenada, facilitarem a implementação do Acordo Climático de Paris e para desbloquear o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, sobre o qual alguns países europeus demonstram resistências sob o argumento de destruição acelerada da floresta amazónica.
"Alberto Fernández e António Costa também confirmaram o interesse mútuo de manterem um encontro pessoal no primeiro semestre deste ano", conclui o comunicado do Governo argentino.
Não será o primeiro encontro entre Alberto Fernández e António Costa, mas o primeiro dos dois como chefes de Governo.
Em 06 de setembro de 2019, Alberto Fernández, então candidato à Presidência argentina, foi a Lisboa e manteve uma reunião de hora e meia no Palácio São Bento, na qual participaram também os atuais ministro dos Negócios Estrangeiros dos dois países, Augusto Santos Silva e Felipe Solá.
Durante a campanha eleitoral, Alberto Fernández dizia-se "próximo ideologicamente de António Costa" e que "Portugal é o modelo a ser seguido em termos de construção política".
Na época, o argentino prometia que iria "rever" o acordo fechado entre a União Europeia e o Mercosul em junho de 2019, depois de duas décadas de negociações. No entanto, depois de assumir o Governo, em 10 de Dezembro daquele ano, Alberto Fernández alterou o discurso e passou a aceitar o que já tinha sido negociado.
Agora, são os dois chefes de Estado, nas respetivas Presidências da União Europeia e do Mercosul, os principais responsáveis por eliminar as pendências técnicas e políticas para que o tratado entre em vigor.
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