Algumas das maiores empresas do mundo na indústria do chocolate foram alvo de um processo por escravatura infantil que deu entrada num tribunal de Washington, nos Estados Unidos.
O The Guardian avança que as oito pessoas que dizem ter sido exploradas quando eram crianças em plantações de cacau na Costa do Marfim acusam a Nestlé, Mondelez, Mars, Hershey, Cargill, Barry Callebaut e a Olam de auxiliarem e serem cúmplices da escravidão ilegal de “milhares” de crianças nas plantações de cacau das suas cadeias de fornecedores.
O processo legal foi movido por estas oito pessoas, que argumentam que foram forçadas a trabalhar sem receberem uma remuneração, e interposto na justiça norte-americana pela International Rights Advocates.
Os queixosos, todos cidadãos do Mali, querem ser indemnizados pelos danos que sofreram pelo trabalho forçado, mas também pelos danos emocionais experienciados e pelo enriquecimentos injusto de quem beneficiou da exploração de que foram alvo.
Uma das alegações principais neste processo é que os réus, apesar de não serem proprietários das plantações de cacau em questão, “lucraram conscientemente” com o trabalho ilegal de crianças.
Os oito queixosos dizem que foram recrutados de forma enganadora no Mali quando eram crianças. Foram forçados a trabalhar – em alguns casos vários anos – sem receberem qualquer remuneração, sem terem documentos para poderem viajar e sem saberem onde estavam e como voltar para as suas famílias.
Um dos queixosos foi recrutado quando tinha apenas 11 anos. O processo entregue no tribunal refere que durante os anos em que trabalhou na plantação de cacau aplicou pesticidas e herbicidas sem usar equipamento de proteção. Outro dos queixosos tem cicatrizes de cortes nas mãos e braços provocados por acidentes com catanas.
Muitos dos queixosos alegam que lhes era dada pouca comida e trabalhavam durante muitas horas.
Algumas das empresas visadas já reagiram ao processo de que foram alvo. A Nestlé frisou que este processo “não permite avançar com o objetivo partilhado de acabar com o trabalho infantil na indústria do cacau”, acrescentando que o “trabalho infantil é inaceitável e vai contra tudo o que defendemos”.
Já a Cargill sublinhou que tem “tolerância zero para o trabalho infantil na produção de cacau”. “As crianças devem estar na escola. Merecem condições de vida seguras e acesso a uma boa nutrição”, salientou.
A Costa do Marfim produz cerca de 45% do fornecimento global de cacau. A produção de cacau na África ocidental tem sido ligada abusos de direitos humanos, trabalho infantil, pobreza estrutural e salários baixos há vários anos.
Leia Também: Somália e ONU pedem 900 milhões para ajudar quatro milhões de pessoas