Nestlé, Mondelez e Mars enfrentam processo por escravatura infantil

As gigantes da indústria do chocolate estão entre os réus de um processo movido por oito pessoas que foram exploradas quando eram crianças nas plantações de cacau na Costa do Marfim.

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© Thierry Gouegnon/Reuters

Notícias ao Minuto
15/02/2021 13:39 ‧ 15/02/2021 por Notícias ao Minuto

Mundo

Escravatura infantil

Algumas das maiores empresas do mundo na indústria do chocolate foram alvo de um processo por escravatura infantil que deu entrada num tribunal de Washington, nos Estados Unidos.

O The Guardian avança que as oito pessoas que dizem ter sido exploradas quando eram crianças em plantações de cacau na Costa do Marfim acusam a Nestlé, Mondelez, Mars, Hershey, Cargill, Barry Callebaut e a Olam de auxiliarem e serem cúmplices da escravidão ilegal de “milhares” de crianças nas plantações de cacau das suas cadeias de fornecedores.

O processo legal foi movido por estas oito pessoas, que argumentam que foram forçadas a trabalhar sem receberem uma remuneração, e interposto na justiça norte-americana pela International Rights Advocates.

Os queixosos, todos cidadãos do Mali, querem ser indemnizados pelos danos que sofreram pelo trabalho forçado, mas também pelos danos emocionais experienciados e pelo enriquecimentos injusto de quem beneficiou da exploração de que foram alvo.

Uma das alegações principais neste processo é que os réus, apesar de não serem proprietários das plantações de cacau em questão, “lucraram conscientemente” com o trabalho ilegal de crianças.

Os oito queixosos dizem que foram recrutados de forma enganadora no Mali quando eram crianças. Foram forçados a trabalhar – em alguns casos vários anos – sem receberem qualquer remuneração, sem terem documentos para poderem viajar e sem saberem onde estavam e como voltar para as suas famílias.

Um dos queixosos foi recrutado quando tinha apenas 11 anos. O processo entregue no tribunal refere que durante os anos em que trabalhou na plantação de cacau aplicou pesticidas e herbicidas sem usar equipamento de proteção. Outro dos queixosos tem cicatrizes de cortes nas mãos e braços provocados por acidentes com catanas.

Muitos dos queixosos alegam que lhes era dada pouca comida e trabalhavam durante muitas horas.

Algumas das empresas visadas já reagiram ao processo de que foram alvo. A Nestlé frisou que este processo “não permite avançar com o objetivo partilhado de acabar com o trabalho infantil na indústria do cacau”, acrescentando que o “trabalho infantil é inaceitável e vai contra tudo o que defendemos”.

Já a Cargill sublinhou que tem “tolerância zero para o trabalho infantil na produção de cacau”. “As crianças devem estar na escola. Merecem condições de vida seguras e acesso a uma boa nutrição”, salientou.

A Costa do Marfim produz cerca de 45% do fornecimento global de cacau. A produção de cacau na África ocidental tem sido ligada abusos de direitos humanos, trabalho infantil, pobreza estrutural e salários baixos há vários anos.

Leia Também: Somália e ONU pedem 900 milhões para ajudar quatro milhões de pessoas

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