República Dominicana coloca tropas na fronteira devido à crise no Haiti

As Forças Armadas Dominicanas colocaram 7.200 militares na fronteira com o Haiti e só este ano já intercetaram e devolveram ao país vizinho mais de 38.000 haitianos que atravessaram ilegalmente a divisão territorial, revelaram hoje fontes militares.

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Lusa
20/02/2021 00:53 ‧ 20/02/2021 por Lusa

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República Dominicana

 

"Se precisarmos de mais soldados, vamos usá-los, para que o país esteja seguro nesta parte do território", disse Julio Ernesto Florian Perez, comandante geral do Exército da República Dominicana, durante uma digressão pela zona fronteiriça.

Florian Perez destacou que os militares dominicanos apanharam recentemente "algumas pessoas procuradas" pelo sistema judicial haitiano, bem como "alguns criminosos" que foram entregues à Polícia Nacional Haitiana na província fronteiriça de Dajabon.

O antigo Presidente da Câmara de Port-au-Prince Ralph Youry Chevry foi preso no domingo passado na cidade de Dajabon, juntamente com o antigo oficial Wenson Pierre, o polícia haitiano Antonine Maquendy e o civil Wiquenesonnt Despiene, por não terem passaportes ou vistos para entrar em território haitiano, indicou o Ministério da Defesa.

Ralph Chevry, contra quem foi emitido um mandato de captura pelo governo haitiano, não solicitou asilo na República Dominicana, segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Roberto Alvarez, que afirmou também que o Haiti não pediu a sua extradição.

Florian Perez disse que a vigilância será mantida por ar, mar e terra para "proporcionar toda a segurança", devido à situação sociopolítica que o Haiti atravessa neste momento.

"Estamos vigilantes juntamente com a Direção Geral das Migrações (...) mais de 38.000 pessoas que tentaram entrar ilegalmente no país já foram capturadas"

Na semana passada, o Ministério da Defesa anunciou através das redes sociais o reforço da vigilância na fronteira com o Haiti, incluindo o destacamento de vários aviões de combate Super Tucano.

Também foram mobilizadas tropas do exército e carros blindados, bem como veículos e pessoal do Corpo Especializado de Segurança de Fronteiras Terrestres (Cesfront).

Na sexta-feira, centenas de haitianos manifestaram-se em Porto Príncipe para denunciar a multiplicação de casos de rapto e a "ditadura" que, segundo eles, o presidente haitiano, Jovenl Moise, está a tentar estabelecer.

Houve pelo menos duas manifestações, organizadas por iniciativa de estudantes e advogados, acompanhados por ativistas da oposição, para exigir a libertação de duas pessoas que foram raptadas durante vários dias, incluindo o juiz e o professor universitário Abbias Edumé.

O Haiti está a atravessar uma crise devido ao confronto entre Jovenl Moise e a oposição, que exige a demissão do governante, considerando que o seu mandato terminou a 07 de Fevereiro.

Jovenl Moise rejeita essa posição e reitera que foi eleito em 2017 para cumprir um mandato de cinco anos que termina em Fevereiro de 2022.

No passado dia 7, Jovenl Moise disse que a oposição estava a preparar um golpe de Estado e planeava assassiná-lo e as autoridades levaram a cabo pelo menos vinte detenções entre os seus opositores.

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